Dilma vai a Londres para divulgar o Brasil, onde mata-se por nada e os professores estão em greve

Muita fumaça, pouco fogo – Tão logo a FIFA anunciou, em 31 de outubro de 2007, que o Brasil sediaria a Copa do Mundo, o ucho.info foi incisivo ao afirmar que o País não tinha, como ainda não tem, condições para receber eventos de tamanha magnitude. Com problemas de infraestrutura e segurança pública, para não discorrer sobre outras mazelas, o Brasil continua vergonhosamente atrasado em relação às obras para a Copa.

Sem se preocupar com os problemas que sobram no território verde-louro, a presidente Dilma Rousseff já está em Londres, onde participará da abertura das Olimpíadas e divulgará a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, que acontecerão na cidade do Rio de Janeiro. O fiasco que será a Copa do Mundo pode ser conferido nas ruas das principais cidades-sede. O ucho.info foi às ruas de São Paulo, mais importante cidade brasileira, e conferiu o despreparo da população em relação ao evento. Raríssimos são os motoristas de táxi, por exemplo, que falam minimamente e com dificuldade o idioma inglês. O mesmo acontece com diversas categorias de prestadores de serviços que serão acionados por ocasião da Copa.

Até agora não se tem notícia de programas oficiais de preparação dos profissionais que atenderão os turistas que aqui chegarem. Fora esse compromisso dedicado à divulgação dos dois eventos esportivos, a presidente reservou espaço em sua agenda para também divulgar o Brasil como destino turístico e fortalecer o programa Ciência sem Fronteira.

Governar um país com dimensões continentais e problemas na mesma proporção exige doses extras de ousadia, mas abusar da irresponsabilidade é querer enganar a si e ao mundo. Não há como divulgar o turismo no Brasil enquanto as autoridades nada fizerem para acabar com a violência nos principais destinos turísticos nacionais, como São Paulo e Rio de Janeiro. A capital fluminense não consegue se desvencilhar do status de “faroeste a céu aberto”, enquanto a dos paulistas está tomada por uma onda de violência reconhecida até mesmo pelo governador Geraldo Alckmin.

No que se refere ao programa “Ciência sem Fronteira”, Dilma deveria, antes de qualquer incursão na terra da rainha, tentar solucionar a greve dos professores federais, que já dura mais de dois meses e paralisa 56 universidades em todo o País. De nada adianta a presidente falar em desenvolvimento da ciência em outras paragens, se no Brasil a formação e a graduação dos cidadãos estão comprometidas, sem contar a questionável qualidade do ensino.

Dilma e seu staff podem alegar que o programa “Ciência sem Fronteira” pretende custear 75 mil bolsas, além de outras 25 mil financiadas pela iniciativa privada, mas isso só será possível quando o Brasil conseguir graduar de forma excepcional aqueles que têm vocação para desafios dessa natureza. Do contrário, qualquer ação mais ousada com esse propósito será nova fantasia oficial.

Preocupados em abrir caminho para a implantação de um projeto totalitarista de poder, em marcha desde janeiro de 2003, os palacianos creem que medidas ufanistas são capazes de anestesiar a consciência da população. Considerando que para qualquer ditador ao redor do planeta uma sociedade bem informada e preparada é um inimigo constante, o Brasil deve continuar nessa pasmaceira intelectual por mais algumas décadas.