Na Inglaterra, Dilma e assessores insistem em minimizar a crise que é evidente e assusta os brasileiros

Sol com a peneira – Coincidindo com a presença de Dilma Rousseff em Londres, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, está na capital inglesa, onde participou, na quinta-feira (26), da Global Investment Conference. Em seu discurso, Tombini disse que o Brasil está preparado para enfrentar a crise e que a economia nacional deve crescer 4% no último trimestre do ano. “A esperança é retomar o crescimento estável. Temos um mercado de crédito e confiança. As exportações e importações estão abaixo do esperado, mas vão bem”, declarou o presidente do BC.

Alexandre Tombini não tem como fugir do discurso preparado pelo Palácio do Planalto, que insiste em esconder a crise, mas a realidade do cotidiano mostra que não há no País tantas maravilhas como anunciam os palacianos. Ao contrário, a situação é crítica e preocupante, com alguns setores da economia começando a demitir, como é o caso das montadoras de automóveis, o que significa piora quase imediata do cenário econômico.

No mesmo dia em que Tombini anunciava a esperança do governo em crescimento da economia nos últimos meses de 2012, a presidente Dilma Rousseff cobrava dos industriais brasileiros a geração de empregos, como contrapartida aos recentes incentivos ao setor. Dilma não pode cometer esse absurdo, uma vez que as medidas adotadas pelo governo para salvar a indústria são recentes e chegaram tarde demais. É inadmissível, a essa altura dos fatos, o governo querer se isentar da responsabilidade e buscar um culpado.

Apostar em crescimento da economia no momento de crise é inimaginável, principalmente quando o consumidor já não compra como antes e o fantasma do desemprego começa a assustar as famílias brasileiras. Por outro lado, mais um fator complicador surge em cena. Com a redução da geração de empregos e a baixa remuneração do trabalhador – dois terços da população economicamente ativa recebem menos do que dois salário mínimos por mês – não há no mercado dinheiro suficiente para impulsionar o consumo.

A crise econômica que avança por todo o Brasil pode ser conferida em diversos segmentos. O setor automobilístico, por exemplo, entrou em processo de quase estagnação, mesmo com a redução do IPI para carros de valores menores. Enquanto os pátios das montadoras continuam lotados, bancos e financeiras assistem à disparada da inadimplência na seara do financiamento de veículos.

Como se isso fosse pouco, a preocupação de muitos profissionais do mercado financeiro agora está em outro foco: o imobiliário. Com o incentivo dado pelo governo para a compra da casa própria, o que deveria ter aquecido a economia de forma mais eficaz, espera-se que a inadimplência também chegue ao setor. Se a expectativa do mercado se confirmar, será a versão brasileira da crise do subprime ocorrida nos Estados Unidos, que mereceu duras críticas do então presidente Luiz Inácio da Silva, que ousou dizer que se tratava de algo de responsabilidade dos “louros de olhos azuis”.

Todos os olhos e ouvidos estão voltados para a União Europeia, onde a crise não tem data para acabar e tem feito seguidas vítimas, mas é importante começar a se preocupar com o que pode acontecer com a China. Recentemente, a mineradora Vale anunciou queda de 58,7% no lucro líquido no segundo trimestre, situação que permite concluir que a China já não compra minério de ferro como fazia há meses. A lanterna vermelha chinesa fica mais reluzente quando entram em cena os primeiros sinais de preocupação com o setor imobiliário local, que vive um bambolê entre disparada de preços e atrasos nos financiamentos.