Cronômetro acionado – Faltando poucas horas para o início do julgamento do maior escândalo de corrupção da história do País, o desespero toma conta dos petistas diante da possibilidade de condenação de alguns companheiros.
Desde que o ex-presidente Lula tentou, sem sucesso algum, desqualificar o julgamento no Supremo Tribunal Federal, seus comandados passaram a destilar teses cada vez mais absurdas. Como se tivesse tomado emprestado o “Febeapá” – Festival de Besteiras que Assola o País, do saudoso Sergio Porto – o PT tenta na última hora incutir na militância a ideia de que o mensalão foi uma invencionice da oposição e, como sempre, da imprensa.
Em mensagem enviada aos filiados ao Partido dos Trabalhadores, o presidente da legenda, Rui Falcão, nega a existência do mensalão. “É muito claro para nós que não houve compra de votos no Congresso Nacional, nem muito menos pagamento para nenhum parlamentar votar a favor do governo”, escreve Falcão em e-mail enviado ao ucho.info. “No entanto somos massacrados pela mídia e pela oposição, com mentiras e ataques pessoais. Nos sentimos julgados pela mídia, sem chance de marcarmos posição. Mesmo assim esperamos que o STF seja justo, isento e coerente. Esperamos que façam um julgamento baseado nas provas e principalmente pela falta delas”, completa o presidente dos petistas.
É um direito de qualquer acusado negar a autoria do crime que lhe imputam, mas não há como dizer que é mentira um fato que muitos petistas já reconheceram ser verdade. O primeiro a reconhecer como verdadeiro o Mensalão do PT, sem qualquer envolvimento no caso, foi o senador Delcídio Amaral (PT-MS), que em 2005 presidiu a CPI dos Correios. Ao lado do relator Osmar Serraglio, deputado federal pelo PMDB paranaense, Delcídio admitiu que o esquema de compra de apoio parlamentar aconteceu a partir do Palácio do Planalto. Do contrário, o senador petista teria se posicionado contra o relatório elaborado por Serraglio, que só não foi mais adiante porque Lula atuou nos bastidores.
Rui Falcão não pode afirmar que o Mensalão do PT é uma mentira, pois companheiros de legenda reconheceram a existência do esquema criminoso. O próprio Lula, à época na presidência, pediu desculpas aos brasileiros pelo episódio. E como de costume disse que de nada sabia. O ex-secretário-geral do PT, Silvio Pereira, o Silvinho Land Rover, selou um acordo com a Procuradoria-Geral da República e trocou a suspensão da investigação por prestação de serviços comunitários durante 750, ao longo de três anos.
Paulo Rocha, ex-deputado federal pelo PT do Pará, admitiu ter recebido R$ 920 mil do esquema do mensalão, sendo que R$ 300 mil foram repassados ao PSB. A prova maior da existência do Mensalão do PT surgiu com a punição ao petista Delúbio Soares de Castro, expulso do partido pro seu envolvimento no escândalo. À época presidente da Câmara dos Deputados, o também petista João Paulo Cunha se perdeu nas desculpas, mas admitiu ter recebido dinheiro do esquema.
Rui Falcão não deveria se preocupar com a existência ou não do mensalão, mas com os crimes que foram praticados para garantir o esquema de compra de apoio parlamentar. E é exatamente isso que o Supremo julgará a partir de quinta-feira (2).
Rui Falcão, no vídeo abaixo, afirma que os crimes aludidos não foram comprovados. Quando estava na oposição, o PT não se importava com provas, apenas com acusações e seus consequentes estragos. Foi assim no caso do então deputado federal Ricardo Fiúza (PFL-PE), acusado de participar do escândalo que ficou conhecido como Máfia dos Anões. No plenário, durante o julgamento do pedido de cassação de Fiúza, o soberbo José Dirceu disse que a perda de mandato não exigia provas, mas apenas evidências. Dirceu, advogado que é, mas somente nas horas que interessa, sabe que acusação sem prova é o mesmo que nada. Por conta disso, José Dirceu deveria orientar o presidente Rui Falcão.
Afirmar que os crimes cometidos para garantir o Mensalão do PT não foram provados é rotular de ignorantes os membros da Procuradoria-Geral da República. De igual modo é chamar de irresponsáveis os ministros do Supremo Tribunal Federal que aceitaram a denúncia oferecida pelo Ministério Público. Desde a aceitação da denúncia, o PT palaciano vem tentado aparelhar o Supremo.
Em tom melancólico, o que não deve ser levado a sério porque os petistas sabem ser dramáticos, Falcão encerra a mensagem pedindo “aos petistas que colaborem na divulgação, para termos a nossa versão, mesmo que reduzida, circulando pelo país”.
O PT insiste em sua cruzada de convencer a opinião pública de que é a derradeira solução para os problemas do mundo. Sem provar competência, exceto para escândalos de corrupção e bandalheiras correlatas, o PT não abre mão do seu projeto totalitarista de poder, que dependendo da decisão do STF pode ir pelo ralo.
