Mensalão: Lewandowski chegou ao STF por indicação de Lula e com as bênçãos de Thomaz Bastos

Carta marcada – Em edição anterior, o ucho.info cobrou dos acusados de envolvimento no escândalo do Mensalão do PT explicações sobre a origem do dinheiro utilizado no pagamento dos honorários dos advogados de defesa, muitos deles os mais caros e badalados do País. A diferença entre um honorário de R$ 300 mil e outro de R$ 4 milhões ou mais está no grau de influência do advogado.

Logo no início do julgamento da Ação Penal 470 (eis o nome apropriado do processo do Mensalão do PT), o advogado Márcio Thomaz Bastos, que defende o ex-vice-presidente do Banco Rural, José Roberto Salgado, apresentou questão de ordem acerca do desdobramento do processo, uma vez que 35 dos 38 acusados não gozam do chamado foro privilegiado e por isso têm direito de serem julgados por um juiz de origem. O que garante, em caso de condenação, recorrer a outras instâncias da Justiça.

Apresentada a questão de ordem, não demorou muito para o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo, defender o desmembramento do processo. Longa e cansativa, a defesa da tese é tão vergonhosa, que há quem desconfie que o texto que Lewandowski lê há mais de uma hora tenha sido preparado por algum dos advogados presentes à sessão plenária do Supremo Tribunal Federal.

A chance de o Supremo devolver à primeira instância o processo do Mensalão do PT é quase nula, mas Ricardo Lewandowski honra, mais uma vez, a relação próxima que tem com a família Lula da Silva. Na verdade, a mãe do ministro é amiga da ex-primeira-dama Marisa Letícia, dos tempos pretéritos de São Bernardo do Campo. E foi a partir dessa relação de amizade pretérita que Ricardo Lewandowksi trilhou o caminho até o Supremo, com as bênçãos do então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que no início da sessão foi alvo de rasgados elogios por parte do magistrado.

A estratégia montada por Luiz Inácio da Silva e a horda de mensaleiros petistas começa a aparecer, mas a sociedade deve insistir na condenação implacável de todos os envolvidos no esquema criminoso de compra de apoio parlamentar – quiçá não tenha sido de consciência – por meio de mesadas polpudas e regulares. Quanto a Lewandowksi, em algum momento ele terá de acertar suas contas com o País, o qual tenta ludibriar ao abusar do “juridiquês” e de leitura longa e enfadonha.