Lados opostos – Roberto Gurgel, procurador-geral da República, não aliviou na denúncia contra os acusados da Ação Penal 470 (Mensalão do PT), cuja leitura consumiu pouco mais de cinco horas. Gurgel, que pediu a condenação de 36 dos 38 acusados e a expedição de mandado de prisão logo após o término do julgamento, que começou na quinta-feira (2) no Supremo Tribunal Federal, deixou de fora da sua mira o ex-ministro Luiz Gushiken e Antonio Lamas por falta de provas.
Os advogados dos réus, por sua vez, voltaram a insistir na tese de que o Mensalão do PT não existiu e foi uma mera invenção da imprensa e dos oposicionistas. Arnaldo Malheiros Filho, criminalista que defende Delúbio Soares, apelou ao non sense ao falar sobre o mensalão. Disse o caro e conceituado advogado que não pode ser considerada formação de quadrilha a decisão de pessoas – neste caso José Dirceu, José Genoíno e Delúbio Soares – de se unirem por causa de um projeto e tentar melhorar o País.
Necessário é reconhecer que Arnaldo Malheiros está sendo pago – e muito bem – para defender Delúbio Soares, o que lhe obriga muitas vezes a chegar aos extremos, mas como integrante da elite da advocacia brasileira não deveria colocar o próprio currículo no patíbulo da inconsequência.
Para provar a existência do Mensalão do PT tomemos por base o “companheiro” Silvio Pereira, que fez um acordo com a Procuradoria da República para não mais ser investigado, em troca da prestação de 750 de serviços comunitários durante três anos. Ora, e não há quem faça um acordo dessa natureza sem ser culpado. Como Silvio Pereira, o Silvinho Land Rover, não tem qualquer vocação para Madre Teresa de Calcutá, o mensalão existiu, sim.
Contudo, sabe-se que o mensalão não apenas existiu, mas uma das opções apresentadas logo no início da era Lula para dar ao governo do ex-metalúrgico ares de eficiência e competência, quesitos que simplesmente inexistem quando o assunto é PT.
A segunda opção de modelo de corrupção, apresentada nos primórdios do governo Lula, é que entrou em vigor logo após o escândalo do Mensalão do PT e continua valendo. A da entrega de ministérios e autarquias aos partidos aliados, os quais assumem o ônus de escândalos, que não têm sido tão eventuais.