Defesa de José Dirceu no caso do Mensalão do PT começa de maneira morna no STF e não convence

Pé esquerdo – Acusado de ser o chefe do Mensalão do PT, esquema criminoso de compra de apoio parlamentar por meio de mesadas, José Dirceu de Oliveira e Silva foi demitido do cargo de ministro-chefe da Casa Civil. Como sempre acontece no âmbito ministerial, o ocupante do cargo é forçado a pedir demissão para que o currículo não ganhe mais uma nódoa. Na sequência, de volta à Câmara dos Deputados, o ex-comissário palaciano foi cassado e teve os direitos políticos suspensos.

Roberto Jefferson, que denunciou o esquema do mensalão e agora trava uma batalha à parte com Jose Dirceu, foi cassado pelo mesmo motivo. Envolvimento no esquema de compra de apoio parlamentar. Jefferson, que também teve os direitos políticos suspensos, até o momento não fez qualquer crítica mais contundente a respeito da sua cassação. E seu silêncio é prova maior da existência do mensalão.

Dirceu e Jefferson foram cassados por seus pares na Câmara dos Deputados, onde a maioria governista sempre deu aos ocupantes do Palácio do Planalto tranquilidade extra na votação de matérias importantes. Em outras palavras, o chefão e o delator do esquema foram cassados não apenas com os votos da oposição, mas também e principalmente com os dos aliados. O que mostra que o mensalão não foi uma invencionice da imprensa, como afirmam os petistas e os advogados dos mensaleiros.

Muito bem remunerado para defender o cassado José Dirceu, o criminalista José Luís de Oliveira Lima, que tem no julgamento do escândalo do Mensalão do PT sua estreia em uma grande causa de cunho político, insiste em negar a existência do esquema criminoso que levou a Procuradoria-Geral da República a denunciar 38 pessoas. Depois de bajulação explicita na direção dos ministros Celso de Mello e Joaquim Barbosa e do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o advogado passou a desqualificar o inquérito e a respectiva acusação.

A defesa de José Dirceu por certo é a mais difícil de todas, devido especialmente à sua evidência política desde a chegada de Luiz Inácio da Silva ao poder central. A tese de que o Mensalão do PT não existiu é de difícil sustentação, pois é sabido que o ex-presidente Lula não conquistou maioria no Congresso Nacional por causa de sua eficácia como governante ou pela eficácia de seus atos. Isso só aconteceu porque o escambo falou e continua falando mais alto.

A prova inconteste da existência do Mensalão do PT se materializa na segunda forma utilizada pelo governo Lula para comprar os votos e a consciência de uma infinidade de políticos. A transformação dos ministérios em capitanias hereditárias, cujos respectivos escândalos são debitados na conta de cada legenda da base aliada.

O desempenho de José Luís de Oliveira Lima na defesa do manda-chuva do PT deixa a desejar. O que não significa que lhe falte competência ou conhecimento jurídico. Acontece que quem teve a oportunidade de ver o monstro sagrado Valdir Troncoso Perez atuando nos tribunais, sempre terá um referencial mais crítico em relação ao desempenho de alguns advogados, que em casos como o do Mensalão do PT deveriam ingerir algumas cápsulas de teatralidade. Resumindo, a situação de José Dirceu não é das melhores.