Jogo duplo – Líder do PPS na Câmara, o deputado federal Rubens Bueno (PR), apresentou nesta terça-feira (7), na abertura dos trabalhos da CPI do Cachoeira, questão de ordem sobre a legalidade ou não de o consultor jurídico do Senado Cláudio Demczuk de Alencar ser um dos advogados de Andressa Mendonça, mulher do contraventor goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Para Bueno, a participação de um consultor da Casa no staff de advogados que fazem a defesa de Mendonça, além de imoral, causa constrangimento ao Parlamento. “Ter a presença de um dos advogados desta Casa atuando na defesa dessa senhora (Andressa Mendonça) é, no mínimo, constrangedor para os integrantes desta comissão”, criticou.
Mesmo dizendo que se sentia também “constrangido” com a situação, o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo, ao responder ao questionamento levantado por Bueno, informou que, para “tranqüilizar os trabalhos desta CPI”, Cláudio Demczuk não está entre os consultores que prestam trabalho diretamente à comissão. “Não obstante a isso, o constrangimento permanece”, reconheceu Vital do Rêgo.
A questão de ordem baseou-se em nota publicada nesta terça-feira pelo colunista Ilimar Franco, no jornal “O Globo”, denunciando a dupla militância de Cláudio Demczuk. “É constrangedor ver alguém que faz um concurso público, recebe salário desta Casa, mas tem honorários de um escritório para advogar nesta CPI em favor de uma acusada de corrupção. Eu estou constrangido”, reafirmou Bueno.
O líder do PPS alegou ainda incompatibilidade de horário para que o consultor jurídico exerça suas funções no Senado Federal ao mesmo tempo em que atua na defesa de Andressa Mendonça.
Thomaz Bastos
Cláudio Demczuk de Alencar atua no Escritório José Gerardo Grossi de Advocacia, e também exerce a função de consultor no Senado. Antes disso, foi chefe de gabinete do ex-ministro Marcio Thomaz Bastos (Justiça). No Senado Federal, é lotado NDIR (Núcleo de Direito da Consultoria Legislativa). No dia 1º de julho passado, Demczuk entrou em licença para tratamento de saúde na família e só retornou no dia 3 deste mês.
Sub-relatorias
Durante a reunião, Rubens Bueno questionou também a presidência da comissão a respeito da não criação de sub-relatorias para agilizar os trabalhos da comissão. “Esse é um tema recorrente. A polêmica se estabelece porque até agora nenhuma providência foi tomada. Enquanto isso, os trabalhos se avolumam”, ironizou.
Segundo Bueno, se tivesse sido criada a sub-relatoria de movimentação financeira, não haveria a necessidade de convocar, por exemplo, o ex-deputado Celso Russomanno (PRB-SP) para prestar esclarecimentos sobre a existência de suposta conta em paraíso fiscal em seu nome. Antes de Rubens Bueno, outros parlamentares fizeram a mesma crítica.