Carimbo vermelho – Relator do processo do Mensalão do PT (Ação Penal 470), o ministro Joaquim Barbosa, que nesta quinta-feira (16) começou de fato a leitura do seu voto, dá mostras de que não será sombrio o futuro dos acusados de envolvimento no maior escândalo de corrupção da história nacional.
Ao longo da primeira parte da sessão desta quinta-feira, o ministro foi enfático ao destacar a culpa do deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), que à época do escândalo era presidente da Câmara e solicitou à sua esposa, Márcia Milanésia da Cunha, que fosse à agência do Banco Rural, em Brasília, para receber R$ 50 mil, dinheiro originário do esquema de cooptação de parlamentares operado pelo publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Em seu voto, Joaquim Barbosa afirmou: “Ao meu ver estão caracterizados os crimes de corrupção ativa imputado a Marcos Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, e corrupção passiva atribuído a João Paulo Cunha”.
Tal afirmação ganha eco no momento em que a campanha de João Paulo Cunha à prefeitura de Osasco, cidade da Grande São Paulo, enfrenta sérios problemas. O temor do PT de que o escândalo pudesse interferir nas campanhas eleitorais de alguns afiliados começa a acontecer. Na realidade, o PT esperava que João Paulo desistisse da candidatura, já prevendo que sua defesa no processo do mensalão não seria fácil.
Por ocasião dos fatos, João Paulo Cunha alegou que sua mulher fora à agência bancária para pagar faturas de empresas de televisão a cabo, mas a inconsistência da desculpa obrigou-o a mudar a versão e afirmar que o dinheiro recebido foi utilizado na contratação de pesquisas eleitorais. O voto do ministro-relator não significa condenação, mas o estrago político já está consumado. Resta o eleitor dar a devida resposta nas urnas.