Pagamentos a João Dias revelam que Agnelo queria esconder roubalheira no Esporte, afirma líder do PPS

Castelo de areia – Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR) afirmou nesta quinta-feira (23) que a revelação de que o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), pagou R$ 7.500 ao policial João Dias Ferreira mostra a intenção do petista de esconder o esquema de corrupção instalado no Ministério do Esporte durante o seu comando e do colega Orlando Silva (PCdoB).

“Mesmo que diga que foi chantageado, o fato de ter pago o policial mostra que Agnelo tinha, e tem até hoje, algo a esconder. Trata-se, pelo que vemos, de uma tentativa de esconder a roubalheira que acontecia no Ministério do Esporte”, disse o deputado, que integra a CPI do Cachoeira.

Para o parlamentar, apesar do caso não estar diretamente ligado ao esquema investigado pela comissão, a revelação dos pagamentos colocam em dúvida o depoimento prestado por Agnelo na CPI.
“Ao depor na CPI, ele se disse vítima de perseguição de adversários políticos e da imprensa. No entanto, ao analisar suas contas, constatamos relações financeiras com um acusado de desviar dois milhões dos cofres públicos. E vale ressaltar que muitos de seus assessores no Ministério do Esporte estão hoje no governo do Distrito Federal. Então há suspeita de que a corrupção só mudou de endereço. E pior, se aliou ao esquema de Cachoeira, como mostram ligações telefônicas interceptadas pela Polícia Federal durante a operação Monte Carlo”, analisou o líder do PPS.

Os pagamentos

Os pagamentos de Agnelo a João Dias ocorreram na mesma época em que o PM ameaçava delatar o esquema de desvio de recursos em convênios do Ministério do Esporte. O órgão foi comandado por Agnelo entre 2003 e 2006.

Os três depósitos de R$ 2.500 constam de extratos bancários de Agnelo remetidos pelo Banco de Brasília (BRB) à CPI do Cachoeira. Os pagamentos ocorreram nos 1º de fevereiro, 4 de março e 31 de março de 2008. Nesta época, Agnelo, ainda no PCdoB, era diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Após os repasses de Agnelo para o PM, o ministério, já comandado por Orlando Silva (PCdoB), esvaziou a apuração contra a ONG de João Dias. Na ocasião, o ministério havia enviado um ofício em resposta à Polícia Militar relatando irregularidades nos convênios e afirmando que eles estavam inadimplentes. No entanto, cinco dias depois, o ministério enviou um novo ofício pedindo que o parecer anterior fosse desconsiderado.

Os desvios

O policial Militar João Dias Ferreira foi acusado em relatório da Polícia Federal de ter desviado dinheiro recebido do programa Segundo Tempo, do ministério dos Esportes, na gestão Agnelo. Cerca de R$ 2 milhões dos R$ 40 milhões repassados para duas Ongs dirigidas pelo PM teriam sido desviados para campanhas eleitorais. Os policiais indicam que Agnelo recebeu parte desse dinheiro. João Dias acusou ainda o então secretário e depois ministro dos Esportes, Orlando Silva, de ter recebido dinheiro ilegal.