Ex-diretor do Dnit afirma que cobrou de empreiteiras doações para a campanha de Dilma Rousseff

Sem pudor – Demorou, mas acabou acontecendo. O nome da presidente Dilma Vana Rousseff foi citado na CPI do Cachoeira durante depoimento de um dos convocados pela Comissão criada para investigar os crimes e a teia de relacionamentos de Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A proeza ficou por conta de Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do Dnit, que cumpriu a promessa de revelar o que sabe.

Durante depoimento nesta terça-feira (28), Pagot afirmou ter angariado junto a empreiteiras doações para a campanha da então candidata Dilma Rousseff. O ex-diretor do Dnit disse que o pedido para que angariasse doações partiu de José Filippi Júnior, tesoureira da campanha presidencial petista e homem de confiança de Luiz Inácio da Silva.

Alegando não se considerar um arrecadador da campanha petista, Luiz Antônio Pagot esclareceu que não usou o órgão para favorecer empresas que fizeram doações à então candidata Dilma Rousseff. “De maneira nenhuma associei a doação a qualquer ato administrativo do Dnit. Posteriormente ao meu pedido, já no transcurso da campanha, algumas empresas encaminhavam para mim boletos demonstrando que tinham feito a doação. Posteriormente, eu constatei que diversas empresas para as quais eu havia feito a solicitação realmente fizeram a doação na conta de campanha”, disse Pagot.

De acordo com o ex-diretor do Dnit, além de Filippi Júnior, dois outros políticos o procuraram para pedir ajuda financeira: a atual ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e o ex-ministro Hélio Costa (Comunicações).

“Eu posso até dar outro exemplo. Não devia, mas vou. Não foi só a senadora Ideli que me procurou. Teve outra procura que eu fiquei extremamente constrangido e ameaçado. Pede audiência o ex-ministro Hélio Costa. E vem me procurar no sentido de indicar empresas para que fizesse arrecadação. […] eu me manifestei da mesma maneira, dizendo que eu não aceitaria e que procurasse partidos políticos”, disse.

Empreiteiras doadoras

Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR) inquiriu o ex-diretor do Dnit e listou algumas empreiteiras (confira abaixo) doadoras da campanha de Dilma Rousseff, com base na prestação de contas entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O parlamentar paranaense ouviu do depoente a confirmação de que fizera contato as empresas mencionadas elas e também com outras empreiteiras que aportaram recursos na campanha da candidata petista.

Delta Construções – R$ 1,1 milhão para o Diretório Nacional do PT
Carioca Engenharia – R$ 600 mil para o comitê de Dilma e R$ 1,1 milhão ao Diretório Nacional do PT
Concremat – R$ 850 mil ao Diretório Nacional do PT
Construcap – R$ 700 mil para o comitê de Dilma e R$ 1,3 milhão ao Diretório Nacional do PT
Barbosa Mello R$ 20 mil ao Diretório Nacional do PT
Ferreira Guedes – R$ 425 mil ao Diretório Nacional do PT
Triunfo – R$ 500 mil ao Diretório Nacional do PT
CR Almeida – R$ 1 milhão para o comitê de Dilma e R$ 520 mil ao Diretório Nacional do PT
Egesa – R$ 150 mil ao Diretório Nacional do PT
Fidens – R$ 700 mil ao Diretório Nacional do PT
Trier – R$ 700 mil ao Diretório Nacional do PT
Via Engenharia – R$ 850 mil ao Diretório Nacional do PT
STE Engenharia – R$ 200 mil ao comitê de campanha de Dilma

Todas as empresas citadas pelo líder do PPS receberam dinheiro do governo Dilma Rousseff. “A Delta cresceu entre 2003 e 2011,justamente quando o grupo do mensalão tomou conta da República”, disse afirmou Rubens Bueno.

Considerando que nenhuma candidatura política no Brasil se viabiliza sem o malfadado caixa 2, as doações podem ter ultrapassado com folga os números apresentados ao TSE, até porque uma campanha presidencial não sai por menos de R$ 600 milhões.

Virou baderna

Pagot pode justificar como quiser suas declarações, mas o simples fato de o diretor de um órgão como o Dnit pedir doações de campanha para a candidata do governo mais corrupto da história nacional representa, por si só, um escândalo sem proporções.

Fosse o Brasil um país minimamente sério, todos os envolvidos no caso já estariam presos e a eleição de Dilma devidamente anulada, pois é evidente que as doações foram feitas no vácuo de contratos passados ou na esperança de novos negócios. O mais incrível nessa epopeia é que petistas continuam posando como paladinos da moralidade universal.