Saudosa maloca – Nos dois anos em que esteve presidente da Câmara dos Deputados, o petista João Paulo Cunha foi a personificação da soberba e da arrogância. Acreditando estar acima do bem e do mal, o deputado exigia do assessores um tratamento normalmente dispensado a celebridades ou a chefes de Estado.
Aproveitando as mordomias a que tem direito o ocupante do cargo, João Paulo Cunha circulava por Brasília a bordo do carro oficial da presidência da Câmara, que era seguido por outros dois repletos de seguranças. Como à época sua vaidade era proporcional à ousadia de um corrupto destemido, João Paulo exigia que o caminho fosse aberto por diversos batedores, cujas motocicletas rasgavam o trânsito da capital dos brasileiros com o som infernal das sirenes. Conduta que um bom divã de analista consegue decifrar.
Essa megalomania do então presidente da Câmara dos Deputados jamais permitira que sua esposa, Márcia Milanésia da Cunha, fosse à agência do Banco Rural, em Brasília, para pagar boletos de cobrança de uma operadora de televisão a cabo, algo que qualquer reles estafeta faria com certa facilidade.
Com a implacável decisão do Supremo Tribunal Federal, que decidiu condená-lo por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro, João Paulo Cunha está perto de trocar o som da sirene dos batedores pelo do camburão que se avizinha.