Guido Mantega mente para si mesmo ao afirmar que a economia brasileira está em recuperação gradual

Fulanização da falsidade – São quase milagrosas as pílulas de messianismo que autoridades do governo utilizam quando falam sobre a economia nacional. Ainda no cargo de ministro da Fazenda, Guido Mantega disse, na quarta-feira (29), ao anunciar a prorrogação da redução do IPI para alguns setores, que a economia brasileira está em fase de recuperação gradual. Esse cenário positivista, pelo que se sabe, é o sonho de consumo de nove entre dez brasileiros, que continuam procurando insistentemente esse eldorado anunciado pelos petistas, que custam a admitir a herança maldita deixada por Lula.

Para contrapor a fala ufanista de Mantega basta verificar a falta de encaixe que cerca os números da economia, assunto que foi tema de matéria publicada pelo ucho.info na edição de quarta-feira. Mesmo com os pontuais e passageiros incentivos concedidos pelo governo de Dilma Rousseff, a economia do País não deslancha, o que começa a preocupar. Como se fosse pouco, a inflação, que na teoria deveria recuar, continua subindo.

Sempre gastando além do que arrecada, o governo já começa a criar uma nova fórmula para calcular o chamado superávit primário, pois do contrário a credibilidade do País em termos de captação de investimentos irá pelo ralo.

Para se ter ideia da gravidade da situação que envolve a economia verde-loura, na quarta-feira o Impostômetro, ferramenta da Associação Comercial de São Paulo que mede a arrecadação de impostos e tributos em todos os níveis do Estado (União, estados e municípios), atingiu a incrível marca de R$ 1 trilhão. Em 2008, cifra idêntica foi alcançada em dezembro. Ou seja, quatro meses antes. O que permite concluir que a cada ano a marca em questão foi antecipada em um mês.

Com o ritmo da arrecadação tributária maior do que o do crescimento da economia, nenhuma autoridade tem o direito de repetir a afirmação absurda balbuciada por Guido Mantega, que continua apostando no consumo interno como solução derradeira para minimizar os efeitos da crise. Não se pode falar em recuperação econômica, mesmo que gradual, quando mais de um terço do PIB é de carga tributária, sem a devida contrapartida ao contribuinte.

O que o governo federal deveria fazer, mas não faz, é promover mudanças estruturais. O recente anúncio da privatização de rodovias e ferrovias não passa de cortina de fumaça oficial e demorará longos e arrastados meses para produzir algum efeito prático. Quem sabe em 2014, antes da abertura da Copa do Mundo, o brasileiro comece a perceber alguma mudança. Até lá será preciso muito trabalho e fé redobrada, pois, dizem, Deus é brasileiro.