Caso do auxílio-moradia pago a parlamentares pode complicar vários políticos nas eleições municipais

Escândalo ressuscitado – Na noite do último sábado (1), o jornal “O Estado de S. Paulo” trouxe em sua página eletrônica matéria sobre a ocupação de irregular de imóveis do Executivo federal, em Brasília, por pessoas que há mais de duas décadas deixaram o serviço público. Mais de uma centena de imóveis são alvo de ações judiciais por parte do governo federal, que tenta recuperar a posse dos mesmos. De fato trata-se de mais um escárnio a emoldurar a administração pública, mas neste caso há a possibilidade, pelo menor teórica, de a posse do bem ser retomada.

Enquanto uma parcela da população se indigna com essa informação, outro escândalo passa despercebido. Enquanto muitos dos chamados apartamentos funcionais da Câmara dos Deputados estavam abandonados e precisando de reformas, o que fez com que muitos parlamentares buscassem outra forma de hospedagem na capital dos brasileiros, a Câmara incluía no contracheque desses políticos uma verba que foi batizada de auxílio-moradia, fixada em R$ 3 mil.

Muitos dos beneficiados com essa verba, criada para pagar as despesas com hospedagem, acabaram usando o dinheiro para a aquisição de imóveis em Brasília, o que contraria a essência legal do benefício. Alguns parlamentares, depois de diversos mandatos, são proprietários de vários apartamentos na capital federal. O tal auxílio-moradia era usado para o pagamento das parcelas do financiamento dos imóveis.

Há anos, quando denunciou o esquema ilegal, o ucho.info foi procurado por alguns desses alarifes, que nos acusaram de estar “estragando um esquema”. Entre os muitos favorecidos com a tal verba há vários candidatos às eleições municipais de outubro próximo, em cujas campanhas destilam pílulas de falsa moralidade. Na disputa pela prefeitura de São Paulo há pelo menos um candidato envolvido nesse esquema ilegal. Dono de imóvel no Distrito Federal, o político embolsou durante anos a fio o auxílio-moradia.