Herança maldita: no país dos endividados, maioria ganha no máximo dois salários mínimos

Sinal de desespero – Sem ter o perfil de quem entra em polêmicas por qualquer motivo, a presidente Dilma Rousseff errou sobremaneira ao rebater o tucano Fernando Henrique Cardoso, que artigo dominical mencionou a herança maldita deixada por Lula. Demorou, mas foi uma forma que FHC devolver na mesma moeda o troco ao ex-metalúrgico, que continua acreditando ser a derradeira solução do planeta, uma espécie de reinvenção de Messias.

Dilma negou a aludida maldição do espólio do antecessor e mentor eleitoral, pois trata-se de uma obrigação partidária no momento em que Lula está diariamente recebendo do Supremo Tribunal Federal o carimbo de corrupto. O que só vem acontecendo diretamente porque a CPI dos Correios foi impedida de incluir o petista no rol de acusados de envolvimento no escândalo que ficou nacionalmente conhecido como Mensalão do PT.

Por mais que seja ideologicamente totalitarista, Dilma Rousseff ainda vive em uma democracia, o que lhe permite dizer o que bem quiser. Direito reforçado pelo cargo que ocupa, o que não a faz melhor ou diferente do que qualquer outro brasileiro.

Caso queira manter as doses míninimas de respeito que a massa pensante ainda lhe dedica, Dilma deveria escapar desse entrevero, até porque contra fatos não há argumentos. Lula, com o conhecimento da agora presidente, acompanhou e endossou rumorosos casos de corrupção. Tanto é assim, que a própria Dilma foi obrigada a demitir inúmeros ministros e assessores, todos envolvidos em escândalos. Eis o primeiro viés amaldiçoado da herança deixada por Lula.

Como reflexo do consumismo incentivado por Lula, a partir de 2008, os brasileiros experimentaram níveis recordes de endividamento, além de terem contribuído para a disparada da inadimplência. Esse cenário pode ser facilmente conferido na base de dados do Banco Central, que divulgou na última semana uma informação tão importante quanto preocupante. Que 60,9 milhões de pessoas têm pelo menos uma operação de crédito em instituições financeiras. Ou seja, um em cada quatro brasileiros convive com o chamado “papagaio”.

Para Dilma isso pode ser sinal de avanço social, mas tal teoria é facilmente derrubada quando analisados dados divulgados recentemente pelo IBGE, tão preocupantes quanto os do BC. Dois terços da população brasileira economicamente ativa recebem menos de dois salários mínimos por mês. Acontece que é de R$ 1 mil o valor médio das operações financeiras mencionadas pelo BC. E com base nesse cenário desfavorável que o Palácio do Planalto comemora o fato de 40 milhões de novos consumidores terem ingressado na classe média, tudo com a benção do ufanista Luiz Inácio da Silva.

O que Lula fez ao longo de oito anos, além de patrocinar episódios de corrupção, foi formar um obediente curral eleitoral e lançar ao mundo uma bolha de virtuosismo que tem provocado estouros seguidos.

Mais proveitoso seria à presidente Dilma Vana Rousseff ter optado pelo silêncio obsequioso, pois negar o inegável é passar atestado de insensatez, para não usar palavra deselegante e que pode nos render processo por danos morais.