Entrevero entre Kassab e Celso Russomanno mostra a fragilidade da proposta do candidato do PRB

Tiro no pé – Alguns candidatos tentam posar de bom moço, mas em dado momento a tentação fala mais alto e o “bom mocismo” desaparece. Foi o que ocorreu com Celso Russomanno, candidato do PRB à prefeitura de São Paulo e liderando as pesquisas de intenção de voto, que sugeriu ao prefeito Gilberto Kassab que colocasse “o rabo entre as pernas”. Para quem ousa assumir o comando da mais importante cidade brasileira e uma das maiores do planeta, a declaração é no mínimo inadequada.

O entrevero surgiu depois que Kassab criticou a proposta de Russomanno de usar guardas particulares para aumentar a segurança na capital dos paulistas, como se a lei permitisse esse tipo de ação estapafúrdia. Kassab, que mesmo incompetente não é um estreante, disse que a proposta do candidato do bispo Edir Macedo (leia-se Igreja Universal do Reino de Deus) acabará criando na cidade um sem fim de milícias.

Russomanno, por sua vez, rebateu as críticas alegando que “ele [Kassab] não tem noção nenhuma de segurança pública, nem foi estudar um pouquinho para saber o que já foi feito antes. Por sinal, ele não fez absolutamente nada pela segurança. Então ele devia enfiar o rabo no meio das pernas e cuidar das coisas dele”.

Pois bem, o candidato do PRB, que é bacharel em Direito, deveria pelo menos respeitar o ordenamento jurídico do País, sob pena de tornar-se alvo de ações judiciais que podem lhe ceifar um eventual mandato. Há na legislação regras claras para a criação e a atuação de corporações policiais, não cabendo aos municípios a prerrogativa de manter efetivos que garantam a segurança pública, papel que compete aos governos estaduais. Fosse tão fácil quanto propõem Russomanno, o melhor seria investir na Guarda Civil Metropolitana, que por força da lei tem sua ação limitada. Chegar a posto máximo de uma cidade com São Paulo é o sonho de muitos, mas isso não acontece na esteira de propostas absurdas e infundadas como a de Celso Russomanno.

Carente de uma série de medidas que ao longo de décadas deixaram de ser tomadas pelo Estado, como um todo, o eleitor passou a acreditar em promessas que tecnicamente são inviáveis. Isso talvez aconteça por causa do enorme despreparo da sociedade e do seu desinteresse pelas coisas da política, o que só piora a situação que ora enfrentamos. É preciso muita atenção e responsabilidade na hora do voto, pois não se pode entregar a administração de uma metrópole a oportunistas despreparados que fazem do discurso barato o trampolim para o poder.