Disputa entre petistas e tucanos em SP passa ao largo das necessidades da maior cidade do País

(Ilustração: Diogo)
Chumbo trocado – A disputa pela prefeitura paulistana deve ser analisada em duas etapas distintas, consideradas as pesquisas de intenção de voto divulgadas até então. A primeira delas é a liderança de Celso Russomanno e o viés religioso da campanha do candidato do PRB, que aproveita a maciça participação da Igreja Universal do Reino de Deus (leia-se Edir Macedo) na sua campanha para buscar apoio em outras correntes de fé e não ficar isolado apenas no eleitorado evangélico.

A segunda parte concentra-se na intensa queda de braços entre petistas e tucanos, que nas últimas duas semanas têm trocado farpas de forma quase contínua. Inconformado com as decisões do Supremo Tribunal Federal acerca do escândalo do mensalão, ora em julgamento, o PT protestou contra o fato de o candidato tucano, José Serra, ter inserido o tema em um dos seus programas de campanha. Como o Mensalão do PT, antes negado por Lula e seus diletos companheiros, teve a existência comprovada pelo STF, os petistas não têm razão para chiar.

De igual modo, os tucanos não podem se irritar quando os adversários, em especial o PT, recorda o chamado Mensalão do PSDB, que existiu e garantiu a reeleição do então governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo.

O que não se pode esquecer no caso da chiadeira do PT é que em 2006 o partido usou de expedientes covardes para garantir a reeleição de Lula, como a boataria sobre a privatização da Petrobras e o criminoso Dossiê Cuiabá, conjunto de documentos apócrifos para prejudicar candidatos do PSDB, operação que foi interrompida pela Polícia Federal. De forma também rasteira o PT agiu na campanha presidencial de 2010, quando o núcleo da campanha de Dilma Rousseff se valeu da quebra do sigilo fiscal de Verônica Serra e de outros tucanos para prejudicar o então candidato presidencial José Serra, do PSDB.

O mais triste é que à sombra dessa briga política estão os interesses dos eleitores paulistanos e as necessidades da maior cidade do País, cada vez mais complexa e carente de ações sérias e duradouras, algo que não interessa aos políticos dessa barafunda chamada Brasil.