Situação difícil – Relator da Ação Penal 470 (Mensalão do PT), o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, votou pela condenação de nove réus por lavagem de dinheiro. Na sessão plenária desta segunda-feira (10), dedicada exclusivamente ao caso, Barbosa considerou culpados o publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza, operador financeiro do esquema de cooptação de parlamentares, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach (ex-sócios do publicitário), o advogado Rogério Tolentino, Simone Reis e Geiza Dias, além de Kátia Rabello, José Roberto Salgado e Vinícius Samarane, todos ligados ao Banco Rural. O ministro-relator, que disse respeitar a colegialidade votou pela absolvição de Ayanna Tenório, ex-diretora do banco.
O julgamento do Mensalão do PT será retomado na próxima quarta-feira (12), quando será proferido o voto do revisor, Ricardo Lewandowski e, em seguida, os votos dos outros oito ministros. A pena para o crime de lavagem de dinheiro é de três a doze anos de prisão.
Durante a leitura do voto, o ministro Joaquim Barbosa destacou que foram comprovadas 46 operações de lavagens de dinheiro do Banco Rural para o esquema comandado pelo Palácio do Planalto, sendo que o dinheiro foi utilizado no pagamento de parlamentares que repentinamente passaram a votar a favor do governo do então presidente Lula.
“Levando em conta apenas o descrito na denúncia, foram identificadas e comprovadas 46 operações de lavagem de dinheiro disponibilizado no Banco Rural”, afirmou o relator.
O voto de Joaquim Barbosa tornou a ainda mais difícil a situação de alguns réus do Mensalão do PT, como o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu de Oliveira e Silva, Delúbio Soares de Castro e José Genoino Guimarães Neto, ex-tesoureiro e ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, respectivamente. Para o ministro-relator, Marcos Valério atuou como “intermediário” de José Dirceu com o Banco Rural.
De acordo com o magistrado, Kátia Rabelo, já condenada por gestão fraudulenta, encontrou-se em duas ocasiões com José Dirceu, uma delas no Palácio do Planalto. A tendência pela condenação que marca o julgamento da Ação Penal 470 tem causado desespero na cúpula do partido, além de explicar o esforço do advogado José Carlos de Oliveira Lima para provar, em novo memorial, a inocência de Dirceu.