Oposição deixou de ejetar Lula do poder em 2005, mas agora quer que o MP investigue o petista

(Foto: Ueslei Marcelino - Reuters)
Coragem de ocasião – Em 2005, quando o escândalo do Mensalão do PT veio à tona, o mundo político verde-louro entrou em polvorosa. De um lado a obediente claque de Luiz Inácio da Silva, que via no episódio uma enorme possibilidade de a farsa ser revelada e o Partido dos Trabalhadores, ancora da esquerda nacional, ir pelos ares. Do outro estavam os partidos de oposição, que naquele momento ainda pensavam como situacionistas, até porque faziam menos de dois anos que ele haviam se despedido do poder central.

No momento em que o marqueteiro Dura Mendonça confirmou, durante depoimento à CPI dos Correios, que recebeu parte dos honorários da campanha presidencial petista de 2002 em conta bancária no exterior, surgia a oportunidade incontestável, sob o ponto de vista legal, de tirar Lula do poder por meio de um processo de impeachment. Até porque, estava configurado um crime eleitoral dos mais graves.

Ainda flanando na soberba que o acompanha até os dias atuais, o PSDB impôs aos demais partidos da oposição a tese da governabilidade. De acordo com os tucanos, era preciso manter a ordem nas instituições do País. A ideia só prosperou porque a cúpula do PSDB, totalmente equivocada, apostou na ideia de que Lula seria facilmente derrotado em 2006, o que não aconteceu. Verdadeiro animal político, Lula fez acordo nos bastidores com os principais líderes da base aliada, a quem entregou boa parte do governo.

Com base na mais recente edição da revista Veja, que trouxe pesadas acusações de Marcos Valério contra Lula, os partidos de oposição anunciaram que decidirão na próxima terça-feira (18) como requisitar ao Ministério Público Federal que investigue a eventual participação do ex-presidente no Mensalão do PT.

O que se vê ao analisar os dois históricos momentos é que a oposição, em 2005, deixou de agir por um misto de soberba com covardia política, mas hoje, sete anos depois, tenta reparar o erro passado com um oportunismo sem precedentes. Que a oposição cumpra com afinco o papel que lhe compete no cenário político nacional, mas que deixe de lado esse proselitismo barato, que há muito passou da conta. Até porque, se nenhum procurador da República não abrir processo para investigar Lula, o que é dever de ofício, caracterizar-se-á prevaricação.