Primeira vítima – A oposição decidiu aguardar o fim do julgamento do Mensalão do PT (Ação Penal 470), pelo Supremo Tribunal Federal, para ingressar com pedido para que o Ministério Público investigue o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, acusado de ser o comandante do esquema de desvio de recursos públicos e compra de parlamentares no Congresso. A acusação foi feita por Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser operador financeiro do Mensalão do PT e já condenado pelo Supremo, sem que até agora Lula tenha se defendido.
O mais curioso nesse episódio que eclodiu no último final de semana, com a chegada da revista Veja às bancas, é que Lula, que tem evitado a imprensa, escalou alguns poucos interlocutores para dar desculpas nada convincentes. Na verdade, tudo o que foi dito até agora não passou de uma tentativa desesperada de negar o inegável, como se o PT tentasse ganhar tempo e quisesse evitar que as acusações prejudiquem os candidatos às eleições municipais de outubro próximo.
O maior exemplo desse inevitável incômodo é o candidato Fernando Haddad, escolhido por Lula para disputar a prefeitura de São Paulo. Nas últimas horas, Haddad tem se queixado dos adversários, que o vinculam a alguns dos principais mensaleiros, como José Dirceu e José Genoino e também ao enrolado Paulo Salim Maluf. À Justiça Eleitoral, os advogados do candidato petista alegaram que “a publicidade é manifestamente degradante porque promove uma indevida associação entre Fernando Haddad e pessoas envolvidas em processos criminais e ações de improbidade administrativa”.
Ora, se a situação é degradante, como sugerem os advogados, Haddad deveria ter rechaçado a ideia da candidatura e recusado o convite feito por Lula para assumir o Ministério da Educação, pois àquela altura o escândalo do Mensalão do PT era uma realidade inconteste, cujos resultados das investigações foram alvo de tentativa de desqualificação por parte da legenda.
Quando a Maluf, o candidato do PT nada tem a reclamar, pois de forma obediente cumpriu as ordens de Lula e foi à casa do ex-prefeito para uma seção de bênção política, fotos e regabofe regado a caros vinhos franceses. Se a aliança com Paulo Maluf o incomoda, que não tivesse aceitado mais uma imposição do messiânico ex-metalúrgico. Luiza Erundina foi clara ao deixar a vaga de vice ao saber do acordo com Maluf.
Fato é que Haddad nada fez e agora começa a sentir os efeitos colaterais do julgamento do caso do mensalão, algo que os petistas tinham certeza de que daria em nada, pois apostavam não apenas na impunidade, mas na capacidade de Lula de postergar a decisão. E para a sorte dos brasileiros a situação seguiu o ordenamento da lógica e da lei.