“Pagamentos milionários” levam Barbosa a condenar Valdemar Costa Neto, mensaleiro que apoia Serra

Bolso cheio – Relator do processo do Mensalão do PT (Ação Penal 470), o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, afirmou em seu voto, nesta quarta-feira (19), que o deputado Valdemar Costa Neto, do Partido da República, cometeu o crime de corrupção passiva (recebimento de vantagem indevida por servidor público) no esquema palaciano de compra de parlamentares por meio de mesadas. Para o magistrado, Costa Neto, conhecido como “Boy”, o deputado que manda no PR recebeu “pagamentos milionários”.

“Tendo em vista a concomitância entre os pagamentos milionários pagos pelo PT a partir de 2003 e a conduta do réu Valdemar Costa Neto […] considero como caracterizado o crime de corrupção passiva”, afirmou o ministro.

Para embasar seu voto e contestar a tese da defesa de Valdemar Costa Neto, o ministro-relator disse que “os deputados do Partido Liberal sequer apoiavam a chapa presidencial. Por tudo isso, inexiste razão para dizer que os deputados apoiariam o PT pelo simples fato de serem do partido do vice-presidente”.

Joaquim Barbosa destacou o cometimento de crime de corrupção por parte do ex-tesoureiro do extinto Partido Liberal (legenda que antecedeu o PR), Jacinto Lamas, e do ex-deputado Bispo Rodrigues. Além disso, o relator inocentou Antonio Lamas, ex-assessor do PL, do crime de lavagem de dinheiro. “Absolvo o réu Antonio Lamas porque fez um único recolhimento e não há provas de que realmente sabia do que se tratava”, afirmou.

Chumbo trocado

Em ação protocolada no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo, Fernando Haddad, candidato petista á prefeitura paulistana, alegou ser “degradante” o vínculo do seu nome aos dos mensaleiros José Dirceu e Delúbio Soares e do ex-prefeito Paulo Maluf. O TRE-SP rejeitou a reclamação feita pro Haddad, que tenta evitar que seu opositor, José Serr (PSDB), tire proveito do fato na campanha.

Com o voto do ministro Joaquim Barbosa contra Valdemar Costa Neto, o candidato Serra encontra-se na mesma situação do adversário petista, pois o PR está na coligação da candidatura tucana. Fernando Haddad só não enaltecera o vínculo, pois Costa Neto faz parte da base de apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff. Fora isso, a carga de mensaleiros na campanha de Haddad é bem maior.