Sem considerar o endividamento recorde do brasileiro, governo libera mais recursos para o crédito

Barril de pólvora – Dezembro de 2008. No auge da crise internacional, que nasceu nos Estados Unidos a partir do escândalo do “subprime”, o governo brasileiro, por meio do então presidente Luiz Inácio da Silva, implorou aos cidadãos para que o consumo interno fosse mantido em níveis elevados. Só assim, segundo os palacianos, o Brasil passaria ao largo da crise. Na ocasião, o ucho.info criticou com veemência a decisão do governo e alertou para o perigo do endividamento recorde das famílias e a disparada da inadimplência. Não se trata de adivinhar o futuro, mas de exercício do raciocínio lógico.

À época, os palacianos resolveram açoitar os críticos, mas o óbvio estava ao lado daqueles que anteviram a tragédia, o que não exigiu nenhum esforço descomunal da massa cinzenta. É no mínimo irresponsabilidade, para ser elegante, empurrar ao consumismo o cidadão sem poder de compra, mal remunerado como trabalhador e que foi fisgado pelo crédito fácil. E o resultado não poderia ser outro do que esse que aí está.

Muitos hão de perguntar por qual razão o governo adotou essa estratégia suicida, mas a resposta é uma só. Obcecado por manter sua popularidade em alta, Lula sabia que em algum momento a sua incompetência como administrador mandaria ao rés do chão as falsas promessas de mudança e ética, consumidas rapidamente pelo acre da corrupção. E nesse quesito é preciso considerar que Lula foi um verdadeiro malabarista ao levar a farsa até o final do segundo mandato e eleger a sucessora.

De acordo com dados divulgados pelo Banco Central na quinta-feira (20), em junho o índice de comprometimento da renda das famílias brasileiras com o pagamento de dívidas chegou a 22,38%, contra 21,93% em maio. Trata-se de índice recorde, alcançado anteriormente em outubro de 2011, quando o comprometimento da renda familiar ficou em 22,35%.

Governar uma nação exige dos governantes doses mínimas de conhecimento sobre planejamento. De nada adianta arremessar a população ao consumo, no vácuo do crédito irresponsável, pois essa fórmula milagreira não se sustenta por muito tempo, pois em termos econômicos o desenvolvimento se dá a partir da geração de riqueza, não com uma onda de contração de dívidas quase impagáveis.

Sem políticas econômicas de longo prazo, capazes de solidificar o País para a crise atual e outras futuras, o governo da presidente Dilma Rousseff erra ao insistir na tese de que o consumo interno é a tábua da salvação. Para reforçar essa disposição, o Diário Oficial da União trouxe na edição desta sexta-feira (21) o aporte financeiro do governo nas duas instituições bancárias oficiais. Para aumentar o volume de crédito ao consumidor, a Caixa Econômica Federal receberá R$ 13 bilhões, enquanto o Banco do Brasil, R$ 8,1 bilhões.