Eleições na maior cidade brasileira foram marcadas pelo tropeço do clã Russomanno

Fora dos planos – O domingo (7) não foi dos melhores para a família Russomanno. Candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRB, partido controlado pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), Celso Russomanno, que liderou as pesquisas eleitorais durante algumas semanas, viu sua candidatura despencar nos últimos dias e terminou a disputa em terceiro lugar, com 21,6% dos votos válidos. O desgaste de Russomanno junto ao eleitorado se deveu principalmente à proposta de fixar o valor da passagem de ônibus de acordo com a distância percorrida. Como os menos privilegiados em termos financeiros moram em locais mais distantes, a proposta caiu como verdadeira bomba na campanha. E foi duramente criticada pelos adversários, em especial por Fernando Haddad. Como se não bastasse, sua ligação com a IURD e episódios passados completaram o indigesto cardápio.

Irmão do candidato derrotado à prefeitura paulistana, o vereador Attila Russomanno (PP) tentou sem sucesso se reeleger à Câmara Municipal de São Paulo. Com apenas 6.741 votos, Attila terminou na 136ª posição. Mozart Russomanno, outro irmão, tentava um mandato de vereador pelo PRB, o mesmo partido de Celso, mas com 12.684 votos terminou a disputa em 104º lugar.

Confirmada sua eliminação da disputa pela prefeitura da capital dos paulistas, Celso Russomanno conversou com os jornalistas, na noite de domingo, e disse que no segundo turno apoiará o candidato cujas propostas sejam próximas às apresentadas em sua campanha. “O segundo turno tem que estar aliado com a democracia e os princípios que nosso grupo construiu nessa campanha. Dentro desse princípio vamos apoiar um candidato. Vamos definir isso amanhã”, declarou o candidato derrotado.

No PRB há uma tendência para apoiar o petista Fernando Haddad, uma vez que na esfera federal o partido faz parte da base de apoio ao governo da presidente Dilma Rousseff. E a costura de um possível acordo ficará sob a responsabilidade do ministro da Pesca, Marcelo Crivella, senador eleito pelo PRB do Rio de Janeiro e muito próximo ao ex-presidente Lula. O PTB, que integrou a chapa encabeçada por Russomanno com o candidato a vice, Flávio D’Urso, faz parte da base de apoio do governador Geraldo Alckmin, companheiro de legenda de Serra.

Se Celso Russomanno apoiar o candidato do PT, ficará provado mais uma vez que os ataques durante a campanha não passam de jogo de cena. Russomanno foi duramente criticado por Haddad, que condenou a proposta do adversário acerca do valor da passagem de ônibus. Em relação a José Serra, o apoio de Russomanno poderá ser negociado pelo atual prefeito Gilberto Kassab, que antes do início da campanha reuniu ambos para um pacto de não agressão mútua.