Obra da Copa do Mundo pode desmatar área protegida em Natal

Bom senso zero – Uma das obras que acontece no país para a Copa do Mundo pode desmatar parte do Parque das Dunas, localizado em Natal, Rio Grande do Norte. A sociedade civil tenta impedir que a região sofra com o impacto ambiental.

O parque é um dos principais da cidade e a obra visa melhorar a mobilidade urbana no local durante a Copa do Mundo através da ampliação da Avenida Engenheiro Roberto Freire. A questão é que para expandir esse trecho 23 mil metros quadrados do Parque Estadual das Dunas serão eliminados.

A obra é do governo estadual e deve ser realizada com recursos do PAC. A região do parque é protegida pelo estado e foi reconhecida pela Unesco como patrimônio ambiental na Mata Atlântica. De acordo com o projeto, além de retirar uma grande área verde, serão derrubadas mais de 400 árvores do entorno da avenida.

Não é à toa que as obras estão sob a mira dos setores ambientais. “Existe um movimento forte contra essa obra, principalmente porque o parque é importantíssimo para a cidade”, afirma Francisco Iglesias, membro da Associação Potiguar Amigos da Natureza (Aspoan).

Essa é apenas uma das cinquenta organizações contrárias ao projeto. Até então, uma parte da área de conservação será atingida e o receio dos ativistas é que uma vez concedida licença o parque dê abertura para que novos desmatamentos ocorram. “Se eles conseguirem entrar no parque na primeira vez, vão querer entrar mais vezes”, teme Iglesias.

Para ele, há diversas falhas na proposta, sendo uma delas o governo estimular o transporte motorizado e não promover um debate sobre mobilidade na cidade, o que poderia incentivar meios alternativos de locomoção.

Outros pontos de discussão é que não há garantia de que o projeto seja finalizado até os jogos da Copa do Mundo. Além disso, as organizações reclamam que a obra de ampliação foi decidida sem o consentimento ou discussão da população. “Nossa posição é que o governo não faça nenhuma obra que não tenha passado por discussão com a sociedade. Não estamos mais na ditadura”, disse.

O projeto deve custar mais de R$ 200 milhões e as obras podem começar no final deste ano. Até então, ele não passou pelo processo de licenciamento ambiental. (Com informações do CicloVivo e do Blogo do Planeta)