Ex-sócio de Marcos Valério, o publicitário Ramon Hollerbach diz que será preso porque foi “otário”

Rastilho de pólvora – Iniciada a etapa de fixação das penas dos réus no processo do Mensalão do PT (Ação Penal 470), no Supremo Tribunal Federal, a possibilidade de o escândalo tornar-se ainda maior cresça a cada instante. Tudo porque muitos dos condenados, desesperados com a aproximação do cerceamento da liberdade, devem revelar segredos do maior caso de corrupção da história brasileira.

Como se não bastassem as supostas ameaças de Marcos Valério ao PT, um dos ex-sócios do publicitário mineiro tem dado sinais de que pode perder a razão a qualquer momento. Ramon Hollerbach, ex-sócio da agência SMP&B, ficou irritado com o memorial enviado na última segunda-feira (22) pela defesa de Marcos Valério aos ministros do STF. No documento, o advogado Marcelo afirma que o operador do mensalão não exercia “função de liderança” no núcleo publicitário e dividia “a três mãos” com seus dois sócios a administração da SMP&B.

O criminalista Hermes Guerrero, que defende Hollerbach, disse que seu cliente reconhece que foi um “otário”. “O Ramon me disse que sabia que ia ser preso por ter sido otário. Ele falou: ‘Por que não apurei? Por que não investiguei? Eu tinha obrigação de ter visto”, relatou Guerrero.

Ao detalhar uma recente conversa que teve com Ramon Hollerbach, o criminalista disse que o ex-sócio de Marcos Valério sabe que morrerá na cadeia. “Foi um dos dias mais difíceis da minha vida. Ele [Hollerbach] me disse: ‘Você sabe que eu não tenho ninguém da minha família vivo. Todo mundo morreu do coração. Só estou vivo até hoje porque me cuido neuroticamente. E, na prisão, não vou me cuidar, vou morrer. Eu sei que o dia em que eu for preso não saio mais”, declarou Hermes Guerrero.

Quanto mais se aproximar o momento da prisão, maiores são as chances de os condenados revelarem detalhes ainda desconhecidos do esquema criminoso de compra de parlamentares por meio de mesadas. No caso de Hollerbach, nenhum valor em dinheiro será capaz de comprar um eventual silêncio, a partir do momento que ele resolver contar o que muitos não sabem.