Dupla face – Cobrar coerência de um político é a mais desafiadora das tarefas, quem sabe não seja uma missão impossível. Durante a campanha à prefeitura de São Paulo, o petista Fernando Haddad, agora eleito, atacou o prefeito Gilberto Kassab (PSD) sem cansar. E sempre se referia aos erros de Kassab como sendo também do tucano José Serra.
Pois bem, a primeira incoerência de Haddad foi ter flertado com o prefeito paulistano quando sua candidatura ainda não estava oficializada. O ex-presidente Lula, que comandou a campanha de Fernando Haddad, por pouco não sela uma parceria com Kassab.
O segundo grande ato de incoerência de Haddad ocorreu logo após sua vitória nas urnas ser confirmada. O petista disse que ainda nesta semana procuraria a base kassabista na tentativa de conseguir maioria na Câmara Municipal, que tem 55 vereadores. Para alcançar a sonhada maioria, Fernando Haddad terá de conquistar pelo menos 28 vereadores, incluindo os companheiros de partido e os aliados. Ou seja, o que até o domingo era imprestável, agora é imprescindível.
Haddad já tem como certo o apoio de onze vereadores do PT, quatro do PMDB, e um do PCdoB. Outros três vereadores do PSB e um do PP, partidos da coligação, devem apoiar o novo prefeito paulistano. Há também a possibilidade de apoio de um vereador eleito pelo PHS, que aderiu à campanha petista no segundo turno. Além desses 21 nomes, Fernando Haddad precisará convencer outros sete.
Precisando sobreviver politicamente, Gilberto Kassab por certo se jogará sobre o colo de Fernando Haddad, pois ainda sonha em disputar o governo de São Paulo, em 2014, com o apoio do PT e do Palácio do Planalto.
Com base no recente resultado eleitoral, a Câmara de São Paulo terá pelo menos vinte vereadores da oposição. Considerando que política é negócio dos bons, pode estar a caminho o Mensalão Paulistano.