Vale tudo – Para quem acompanha o automobilismo com excesso de paixão, a Fórmula 1, como outras categorias, é esporte, mas na verdade trata-se de um negócio bilionário que envolve interesses de todos os lados. Quem integra o seleto grupo de pilotos da mais badalada categoria do automobilismo mundial não pode pensar em coerência ou dignidade, pois no final fala mais alto o dinheiro que está em jogo.
Foi o que aconteceu com o brasileiro Felipe Massa, que em silêncio viu a Ferrari romper o lacre da FIA na caixa de câmbio do seu bólido, o que lhe rendeu penalização de cinco posições e permitiu que seu companheiro de equipe, Fernando Alonso, avançasse um posto no grid e largasse no lado limpo da pista.
Para quem desconhece os bastidores da Fórmula 1 pode parecer que Felipe Massa se vendeu ou concordou com a tramóia permitida, mas a regra do jogo é essa. E quem discordar das regras que peça para sair.
Como se sabe, a Ferrari não disponibiliza em seu orçamento verbas para publicidade. Ou seja, as pistas são os outdoors vivos da equipe de Maranello. Esse detalhe explica, mas não justifica, a necessidade cada vez maior de a Ferrari vencer, não importando se a dignidade e a honra de um piloto correm o risco de ir pelo ralo.
“É impossível ver um piloto contente depois de ceder cinco posições no grid apenas para ajudar o parceiro. Talvez não seja fácil encontrar outro piloto que aceite. Com certeza eu poderia terminar na frente de Alonso nesta prova, por isso sinto que dei boa ajuda à equipe”, disse Felipe Massa após o GP dos Estados Unidos. A sua recuperação na pista e o quarto lugar após a bandeirada final endossam as palavras do piloto brasileiro.