Caso não queira ficar calada, Maria do Rosário precisa aprender sobre o sistema penitenciário nacional

Sandices de ocasião – Não bastassem as ilógicas e desesperadas declarações de alguns petistas acerca dos presídios brasileiros, em fracassada tentativa de salvar a pele do mensaleiro condenado José Dirceu, a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, abusou da falta de bom senso e do oportunismo político ao comentar sobre a onda de violência que tomou conta de algumas cidades de São Paulo e Santa Catarina.

Obcecada por enquadrar os militares da época da ditadura, que assim como os guerrilheiros foram anistiados por ocasião da Lei da Anistia, em igualdade de condições, Maria do Rosário disse, na última segunda-feira (19), que a situação de emergência nos presídios gera violência nas ruas.

“O que as pessoas precisam compreender cada vez mais é que quanto pior a situação dentro dos presídios mais violência nós teremos nas ruas. Há uma conexão”, disse a ministra.

“Concordamos que o melhor atendimento do apenado é uma garantia de que a sua família estará melhor e que a sociedade o receberá com melhores condições no momento em que acabar sua pena e que enquanto estiver cumprindo sua pena não exista pressão dos grupos criminosos sobre eles”, completou Maria do Rosário.

O ucho.info tratou deste assunto na edição de terça-feira (20), mas volta a insistir no caso porque as declarações de Maria do Rosário são absurdas e um atentado contra a inteligência dos brasileiros. Fosse verdadeira sua estapafúrdia declaração, todos os estados estariam sob o domínio da violência e dos ataques de criminosos.

Como na política não existem coincidências, Maria do Rosário poderia acionar sua visguenta verborragia para explicar os motivos que levam a violência a estados governados por adversários do PT e do Palácio do Planalto.

Esse discurso de boa samaritana de Maria do Rosário é utópico e não convence nem mesmo o mais iniciante dos criminosos. Recuperar um apenado não significa apenas lhe tirar a liberdade. É preciso inseri-lo, durante o cumprimento da pena, em um processo lento e contínuo de ressocialização, coordenado por psicólogos, para que ao reconquistar a liberdade não lhe venha o desejo inconsciente de cometer um crime que o leve de volta à prisão, um mundo que passou a ser seu.

Essa tese foi largamente pesquisada pelo editor do ucho.info, no período em que o mesmo aplicou projetos de ressocialização no sistema penitenciário feminino do estado de São Paulo. Durante dois anos, o extinto presídio feminino do Tatuapé não registrou uma rebelião sequer.

Ao deixar o presídio em direção à liberdade, o apenado há muito perdeu seus vínculos com o mundo exterior, pois sua existência se transformou em viver entre muralhas.

Maria do Rosário perdeu a grande oportunidade de ficar calada, poupando o povo brasileiro de suas insanas declarações. E antes de falar sobre o sistema prisional brasileiro, que a ministra procure se inteirar sobre o tema ou peça ajuda a quem conhece o assunto. Disparar bobagens de encomenda apenas e tão somente para proteger José Dirceu é no mínimo vergonhoso.