(*) Carlos Brickmann –
Certos candidatos a certas nomeações, ao que parece, precisam apresentar entre seus documentos um atestado de antecedentes incompleto. Só o completarão, como folha corrida, como capivara, no exercício do cargo.
Mas esta não é uma novidade. Novidade seria explicar o motivo que levou a Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça, a investigar assuntos do Governo e gente influente do Governo anterior. Há alguns palpites, que podem até ser verdadeiros, mas que neste momento não passam de palpites:
a) há pouco tempo o Governo negou o aumento reivindicado pela Polícia Federal (só que essa investigação não começou há pouco tempo);
b) a Polícia Federal é dividida em várias alas (mas seria estranho que alguma delas agisse num nível tão alto sem que o ministro da Justiça fosse informado);
c) o advogado geral da União, Luís Inácio Adams, era apontado como um dos preferidos de Dilma para o Supremo (e sua indicação ficou difícil pelo envolvimento no caso de seu adjunto e homem de confiança, cuja escolha para o cargo defendeu com todo o empenho). Outra possibilidade de escolha da presidente Dilma seria o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo – que vem a ser, por coincidência, o chefe da Polícia Federal. O afastamento do nome de Adams reforça, sem dúvida, o nome de Cardozo.
Depois das desastrosas declarações do ministro sobre as prisões brasileiras, sob sua responsabilidade, seria esta também uma maneira de tirá-lo do posto, promovendo-o para fora do Governo.
Perguntas
Se Cardozo sabia das investigações, terá contado a Dilma? Se sabia e a informou, por que não houve providências imediatas, como afastar Rose Noronha antes que o caso se tornasse público? Se sabia e não a informou, continuará merecendo confiança?
Se não sabia, como manter-se no cargo que não terá exercido?
Fábula fabulosa
Diz a história que um dos Três Porquinhos fez uma casa de palha; o outro, de madeira; o terceiro, de tijolos. O que a fábula não conta é que, como os Três Mosqueteiros, os Três Porquinhos eram quatro. O quarto, em vez de uma casa, construiu um bunker de concreto reforçado.
Lá, protegido e seguro, dedicava-se à sua atividade favorita: trair os outros porquinhos e os donos da porcada.
Dúvidas, dúvidas
1 – Para que existem gabinetes da Presidência da República em vários Estados? Com o avanço extraordinário das telecomunicações, para que servem?
2 – A secretária Rose Noronha foi demitida do gabinete paulista, e não terá substituto. Se o cargo era necessário, por que não substituí-la? Se o cargo era desnecessário, por que se pagava uma funcionária para exercê-lo?
3 – Quando estourou o Mensalão, o presidente Lula se disse apunhalado pelas costas. Agora, o ex-presidente Lula se disse apunhalado pelas costas. Afinal de contas, para que servem seus guarda-costas?
4 – Lula provém de família pobre, foi operário, foi líder sindical, fundou um partido importante, elegeu-se duas vezes presidente da República, elegeu sua sucessora. Mas vive dizendo que foi traído. Será que Lula se considera ingênuo? Será que alguém no país seria capaz de considerá-lo simplório?
PT saudações
A respeito da nota Ele conhece, de 20 de novembro, a assessoria de imprensa da equipe de transição do prefeito eleito de São Paulo, o petista Fernando Haddad, envia o seguinte esclarecimento: “O deputado José de Filippi Jr. (PT-SP), indicado para ser o novo titular da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, não pode ser considerado ficha-suja. Filippi foi inocentado em primeira instância e a citada condenação de segunda instância teve seus efeitos suspensos em 23 de julho de 2010 por decisão do Superior Tribunal de Justiça”.
A assessoria enviou também cópia do acórdão do STJ. Registrado – mas o caso está no Supremo.
OAB, um, dois, três
Como não disse lorde Acton, todo poder mexe com a cabeça de quem o exerce; e, quando o poder se alonga excessivamente, excessivo é o efeito que causa em quem o detém. Uma historinha de um ano atrás, na reunião ordinária do Conselho Seccional da OAB paulista: o presidente da entidade, Luiz Flávio Borges d’Urso, já em seu terceiro mandato, se irritou com o advogado Alberto Toron, que o informou de que seria candidato à Presidência da Ordem, pela oposição. E determinou oficialmente o início de um processo de desagravo contra Toron – o único advogado brasileiro sem cargo público a receber este ataque. Marcos da Costa, vice-presidente (e hoje candidato oficial à Presidência, enfrentando Toron), concordou. Depois, pensando melhor, Marcos da Costa e d’Urso desistiram da lambança e esqueceram até mesmo de registrá-la na ata do Conselho.
Esta quinta, dia das eleições na OAB-SP, promete ser um dia quente.
Melhora, Joelmir!
Má notícia: Joelmir Beting, grande jornalista, gente do mais alto nível, de excelente caráter e trajetória impecável, sofreu grave acidente vascular-cerebral. É um momento em que precisa da força de todos nós.
Estamos com você, Joelmir!
(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.