Boi na linha – Sem motivo algum, Rosemary Nóvoa de Noronha foi detentora, durante os dois governos de Luiz Inácio da Silva, de um passaporte diplomático, o que no Itamaraty é chamado de “super passaporte”, pois dá ao titular privilégios enormes ao ingressar em outros países, não precisando se submeter às checagens impostas aos reles mortais.
Acompanhante de Lula em pelo menos trinta viagens oficiais ao exterior, Rosemary era recebida pelas autoridades estrangeiras como integrante da comitiva oficial e tratada como diplomata por causa do “super passaporte”, que no Brasil foi banalizado ao extremo na era petista.
O detentor do passaporte diplomático tem direito ao que se chama de “mala diplomática” (ou bagagem diplomática), volume utilizado pelas missões diplomáticas que, de acordo com a Convenção de Viena, de 1961, não pode ser aberta ou retida por autoridades estrangeiras ou nacionais.
Há anos, as malas diplomáticas serviram não apenas para o fim específico para que foram criadas, mas, sim, para o cometimento de crimes dos mais variados, como lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Não se trata de levantar falso testemunho contra quem quer que esteja envolvido no escândalo que eclodiu com a Operação Porto Seguro, mas Rosemary de Noronha não tinha tantos motivos para acompanhar Lula em suas viagens, exceto os que muitos já suspeitam.
Se houve nessas viagens o uso da tal “mala diplomática” e transgressões foram cometidas, há como rastrear e descobrir. Basta querer! Pode ser esse o grande temor de Lula diante de uma CPI da Rosemary.