No encalço – O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara que investiga o tráfico de pessoas, deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), defendeu nesta terça-feira (4) maior rigidez das autoridades sobre a atuação daquelas agências de modelos que se utilizam deste mercado para o envio ilegal de pessoas para o exterior.
“É preciso restringir a liberdade que estas agências têm para produzir episódios como o que presenciamos aqui hoje”, afirmou Jordy, numa referência ao depoimento da modelo brasileira Monique Menezes de foi vítima de maus tratos, assédio moral e sexual e trabalhos forçados na Índia, entre o final de 2011 e início de 2012.
Monique, em audiência pública, contou aos membros da CPI que foi contratada por uma agência de São Paulo, conhecida como “Júnior Pelicano” que a levou para Nova Delhi, na Índia. A promessa é de que no país asiático, ela atuaria como modelo fotográfico. Lá, conforme relato da jovem, ela foi submetida a trabalhos que não estavam previstos em contrato e cuja remuneração não condizia com o que foi acordado ainda no Brasil.
“Fui atrás de esperança e voltei sem nenhum real”, contou ela.
Segundo a modelo, as jornadas de trabalho, muitas vezes, se iniciavam às 7 da manhã e iam até às 2 horas da madrugada do dia seguinte. Também relatou que, numa certa ocasião, ela e mais duas modelos foram chamadas para fazer uma campanha para uma marca de uísque numa cidade próxima a Nova Delhi e, ao se encontrarem com os clientes, foram assediadas sexualmente. Também disse ter sido vítima de xingamentos e maus tratos cometidos pela agenciadora francesa conhecida como Ann Sabrina.
Monique Menezes afirmou ainda que, ao buscar contato com o responsável pela Júnior Pelicano, ele “desapareceu”. Acrescento que o drama dela só acabou quando o Consulado brasileiro interveio e agilizou sua viagem de volta para o Brasil.
Documentos
O presidente da CPI solicitou a Monique Menezes que envie cópia do contrato realizado com a a Júnior Pelicano, bem como de outros documentos que ela dispuser para que a comissão avalie a possibilidade de convocar o responsável pela agência.
“Ao que tudo indica, há muita coisa no ar não esclarecida neste mercado de modelos. Há um grande jogo em curso, quando os seus donos não assumem responsabilidades com os contratados”, disse ao final da audiência.