PPS entrega pedido para que Mantega explique influência de Rosemary no Banco do Brasil

Mínimos detalhes – O PPS protocolou, na segunda-feira (3), requerimento de informação (RIC 2701/12) na Mesa da Câmara dos Deputados para que o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, explique a denúncia de tráfico de influência para a contratação pelo Banco do Brasil de empreiteira da família da ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Nóva Noronha.

No documento, que é assinado pelo líder do partido deputado Rubens Bueno, é solicitado a Mantega, responsável por recolher informações do banco, detalhes sobre a contratação sem licitação da Empresa New Talent pela Cobra, subsidiária do Banco do Brasil, e que tem como diretor o atual marido de Rosemary, João Vasconcelos.

Bueno pede ainda detalhes da nomeação do ex-marido de Rosemary, José Claudio Noronha, para a Brasilprev e BB Seguros. “Queremos informações sobre a tramitação do processo de indicação e se ele tinha qualificação para o exercício dos cargos ocupados”, disse.

Porto Seguro

De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo da última sexta-feira (30/11), Rosemary, que foi indiciada pela Polícia Federal na Operação Porto Seguro, atuou para que a New Talent recebesse R$ 1,12 milhão da Cobra, braço tecnológico do Banco do Brasil, num contrato com dispensa de licitação. A empreiteira tem o atual marido dela, João Vasconcelos, como diretor, e um genro como sócio. A obra era para reforma no prédio da Cobra em Barueri (SP).

Segundo a Polícia Federal, o negócio envolveu falsificação de documentos e tem a participação de Paulo Vieira, ex-diretor da Ana (Agência Nacional de Águas), que seria parceiro de Rosemary em diversos esquemas de corrupção.

“É impressionante a força que Rosemary tinha no governo do PT. Íntima do presidente Lula, ela espalhou seus tentáculos por toda a Esplanada. Vamos cobrar explicações do ministério e do banco sobre esse negócio nebuloso. Apesar da blindagem promovida pelo governo, também tentaremos ouvir os acusados na Câmara. O Banco do Brasil é uma instituição símbolo do país e não pode ser desmoralizada pelo aparelhamento político do PT em sua administração”, afirmou Rubens Bueno, que vai aproveitar o requerimento para cobrar da direção do banco explicações sobre a nomeação do ex-marido de Rosemary, José Claudio Noronha, para os conselhos de administração da Brasilprev e da Aliança (BB Seguros).

Após o recebimento do pedido do deputado, o ministro da Fazenda tem 30 dias para enviar uma resposta, sob pena de incorrer em crime de responsabilidade.

Outros personagens

A reportagem da Folha aponta ainda o envolvimento de outros personagens do PT no favorecimento do negócio. “O termo foi assinado em 17 de maio de 2010, quando a vice-presidência de tecnologia do BB era comandada por José Luiz Salinas. Apadrinhado do ex-ministro José Dirceu e do deputado José Berzoini, Salinas tinha ascendência sobre as decisões da Cobra. Ele perdeu o cargo em junho de 2010, quando foi transferido para a Ásia. A Folha apurou que Salinas costumava frequentar o gabinete de Rosemary”, relata a Folha.

O jornal relata ainda que o presidente da Cobra na época da assinatura do contrato era Luiz Carlos Silva de Azevedo. “Antes de assumir o comando da empresa ele era subordinado no BB a Ricardo Flores, na época em que este era vice-presidente da área de crédito da instituição. Ex-presidente da Previ e atual presidente da Brasilprev, Flores era amigo pessoal de Rosemary. Ele foi um dos convidados do casamento de Rosemary e João Vasconcelos”, diz a matéria.