Rejeição das contas de campanha de Fernando Haddad já era esperada no meio político

Pedra no caminho – A decisão da Justiça eleitoral não aprovar as contas de campanha do prefeito eleito Fernando Haddad não causou surpresa no meio político. Na verdade, já era esperada por alguns mais experientes em disputas eleitorais.

Em seu despacho, o juiz Paulo Furtado de Oliveira Filho reprovou a prestação de contas apresentada pelo petista, alegando que “as irregularidades são graves, impedindo a verificação da origem dos recursos arrecadados para quitação de todas as despesas assumidas pelo candidato”. Tal situação, lembrou o juiz, não impede que Haddad seja diplomado e tome posse como prefeito da maior e mais importante cidade brasileira.

De acordo com o magistrado, é clara a irregularidade na contratação, no valor de R$ 4,6 milhões, de uma empresa de eletrônicos. Oliveira Filho destaca que a mencionada empresa deixou de emitir notas fiscais eletrônicas e teria fornecido carros de som e material publicitário em volume muito acima da sua capacidade de estocagem, uma vez que encontra-se instalada em imóvel de pequeno porte.

É importante lembrar que Fernando Haddad venceu a eleição paulistana não porque seu padrinho político, Lula, é um mago, mas porque sobrou dinheiro na campanha petista, ao contrário do que alegou o partido, informando que há um déficit de aproximadamente R$ 20 milhões. Esse valor a descoberto encontra-se na contabilidade oficial, mas na oficiosa o derrame de dinheiro foi exagerado.

A assessoria de Haddad informou que recorrerá da decisão no prazo legal de três dias, apresentando documentos que provam a contratação dos serviços que despertou a desconfiança do juiz eleitoral.

O grande problema das eleições de 2012 foi que, no vácuo das condenações do escândalo do Mensalão do PT, muitos conhecidos doadores de campanha preferiram o caixa 2, como forma de escapar de investigações futuras. Com isso, ficou quase impossível identificar a origem das doações, que por questões estratégicas foram feitas ao partido, o que facilita esse tipo de manobra. Para justificar determinadas despesas pagas com dinheiro de caixa 2, o comitê de campanha acaba enxertando na contabilidade comprovantes nem sempre confiáveis.