Dinheiro no bolso – Dizem as velhas e populistas raposas da política que cada mandato pertence ao povo e que o parlamentar eleito deve defender os interesses da sociedade. No campo da teoria isso é certamente a mais nova maravilha do planeta, mas na prática é a mais sonora e vergonhosa mentira.
Depois de eleito, o político passa a cuidar apenas dos seus interesses, não mais lembrando que o seu mandato é resultado do voto popular. Para mostrar que políticos crêem que fazem enormes favores à população quando legislam em causa própria, os vereadores da maior cidade brasileira, São Paulo, resolveram aumentar os próprios salários.
De R$ 9,2 mil mensais, sem contar a infinidade de mordomias, cada vereador passara a receber, a partir de janeiro de 2013, R$ 15 mil. Ou seja, um aumento de 63%. Ora, se reza a nossa Constituição que todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza, que os vereadores recebam um aumento salarial idêntico ao que será aplicado ao salário mínimo, que no próximo ano passará a valer a fortuna de R$ 694.
Se o reles trabalhador, que ajudou a eleger os vereadores, receberá mísero R$ 1,15 de aumento real no salário, por qual razão esses doutos senhores do parlamento municipal podem adicionar ao contracheque um aumento de R$ 5,8 mil. Até onde se sabe, a inflação no Brasil em 2012 não passará dos 6%, pelo menos nos números maquiados pelo governo federal.
No dia em que o brasileiro sair do sofá da sala e se postar diante de cada repartição pública onde ocorrem escárnios, talvez o Brasil corre o risco de mudar para melhor. Até porque, cercar a Câmara Municipal de São Paulo é fácil e dá para ir de metrô. Basta querer!