Tiro ao alvo – Durante meses a fio petistas tentaram achincalhar a honra do ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal e relator da Ação Penal 470, e de Roberto Gurgel, procurador-geral da República, que ofereceu um cipoal de denúncias no caso do Mensalão do PT, o maior escândalo de corrupção da história.
De tudo foi tentado contra a dupla, mas o julgamento da ação chegou ao seu final com 25 condenados, alguns deles à prisão em regime fechado. Inconformados com o fato de que alguém ousou se levantar contra o partido transformado em quadrilha, mas que para muitos era a salvação da humanidade, petistas agora sairão às ruas com o discurso de que o mensalão foi um golpe das oligarquias. Aquele velho, rançoso e conhecido discurso.
Absolutamente normal, porque afinal vivemos em uma democracia de direito, não de fato, e é livre a manifestação do pensamento. Acontece que o movimento pode ser antecipado, ou até mesmo minguar, pois cresce a cada hora a chance de alguns dos mensaleiros condenados passarem o Natal na cadeia e ver de forma geometricamente distinta o nascer do primeiro sol de 2013.
Esse cenário conturbado e sem definições resulta do pedido de prisão imediata dos mensaleiros condenados enviado por Roberto Gurgel ao ministro Joaquim Barbosa, que, de acordo com o regimento, poderá decidir monocraticamente, mas em caráter liminar, cabendo a apreciação do mérito da decisão ao plenário do Supremo, somente em fevereiro, na retomada dos trabalhos do Judiciário.
Se os argumentos apresentados por Gurgel no pedido de prisão forem convincentes e tecnicamente embasados, a possibilidade de alguns graúdos petistas passarem no Natal na cadeia é grande e não deve ser descartada. E não foi à toa a enorme preocupação dos advogados dos condenados, que cobraram da Corte uma decisão sobre o tema antes do recesso.
Até agora, apenas corajosos de araque desfilaram pela passarela do Mensalão do PT, desde as falcatruas até a condenação no STF. Daqui para frente é que o Brasil descobrirá os verdadeiros valentes, que enquanto saqueavam os cofres públicos e participavam de um criminoso esquema de compra de parlamentares davam de ombros para a Justiça e se alimentavam no cocho da impunidade.
No momento em que o Ministério Público Federal e o Supremo identificarem as conexões entre o Mensalão do PT e caso Celso Daniel, mas também com um banqueiro oportunista, cujo nome a Justiça do Rio nos proíbe de citar, o Partido dos Trabalhadores virá abaixo como prédio em implosão. Para contar a história restarão entulhos e escórias.