Fala que eu te escuto – A recente notícia de que conversas telefônicas entre desembargadores paulistas e jornalistas, gravadas ilegalmente a partir de uma central de grampos montada em Presidente Prudente, no interior do estado de São Paulo, causou alvoroço no Judiciário da mais importante unidade da federação.
A central funcionava havia seis anos na sede do comando da Polícia Militar da cidade localizada a 558 km da capital, em parceira entre a Secretaria da Segurança Pública e o Ministério Público. Criada a mando do então secretário da Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto, com o objetivo de monitorar presos da facção criminosa PCC, a central pode ter interceptado conversas de pessoas sem qualquer ligação com o crime organizado, como delegados, jornalistas e desembargadores.
O governador Geraldo Alckmin, ao ser informado sobre o caso, determinou abertura imediata de investigação, mas o assunto deixou muitas pessoas sem dormir durante os dias que antecederam o Natal, devendo continuar preocupadas por mais algum tempo. Na central de grampos podem ter sido gravadas conversas não muito ortodoxas entre conhecidos advogados paulistas, que aos seus clientes vendem facilidades no Tribunal de Justiça de São Paulo, com alguns desembargadores que possivelmente desconhecem o modo de atuar desses causídicos espertalhões.
Há nesse rol de advogados mais ousados alguns que defendem os interesses de bancos na segunda instância da Justiça paulista e que, quase costumeiramente, consegue inexplicáveis decisões em favor de seus clientes.
Não faz muito tempo, a ex-corregedora do Conselho Nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, afirmou que no Judiciário há “bandidos de toga”, o que não é uma inverdade. Com base em informações sigilosas, a ministra do STF deu especial atenção ao TJ-SP, mas não se pode pasteurizar a crítica, pois há no Judiciário paulista pessoas sérias e honradas.
Entre os desembargadores que foram ilegalmente grampeados e tiveram os nomes citados em reportagens, o ucho.info pode afirmar que Antônio Carlos Malheiros e Luiz Antonio Rizatto Nunes, já aposentado e especialista de Direito do Consumidor, são pessoas íntegras e com currículo irrepreensível, o que não significa que os outros magistrados alvo da operação não se encaixam no cenário da honradez.