Jovem baleada espera oito horas por cirurgia no Rio, que teve show gratuito de Gil e Stevie Wonder

Fora do tom – Que o prefeito do Rio de Janeiro é um monumento à irresponsabilidade todos sabem, mas há fatos que são injustificáveis. Na segunda mais importante cidade brasileira e ainda cartão-postal do País, uma jovem vítima de bala perdida esperou oito horas em um hospital público para ser operada. Funcionários da instituição alegaram que o atraso no atendimento decorreu da falta de médico na unidade de saúde.

Em situações normais um hospital sempre tem um responsável, que diante da ausência do neurocirurgião, que faltou ao trabalho, deveria ter acionado outro médico especialista, muito antes do acidente ocorrido com a jovem na noite de Natal.

Horas mais tarde, com o rico cachê previamente depositado em sua conta bancária e recebido na capital fluminense com toda a pompa e circunstância, o cantor norte-americano Stevie Wonder fez show na praia de Copacabana, ao lado de Gilberto Gil. Não se trata de questionar a competência de Stevie Wonder e Gilberto Gil como artistas, mas de chamar a atenção para a forma como a prefeitura prioriza as necessidades de uma população cada vez mais sofrida e abandonada, não sem antes ser enganada pela gazeta oficial.

Se o prefeito Eduardo Paes tenta camuflar sua incompetência com pirotecnia oficial, não será um show internacional na praia mais cantada do mundo que servirá de anestésico para a consciência da sociedade. O mínimo que prefeito carioca deveria ter feito, imediatamente, era dar explicações aos contribuintes sobre a ausência do médico no hospital para onde foi levada a jovem baleada.

Em um país minimamente civilizado e ordeiro, o médico já estaria exonerado a bem do serviço público e o secretário municipal da Saúde demitido, sem direito a qualquer palavra, pois ao cobrar impostos de maneira voraz o Estado tem a obrigação legal de dar a contrapartida ao contribuinte. Como no Brasil as leis são frouxas e o Judiciário é para quem tem dinheiro e poder, o assunto deve cair no esquecimento em questão de mais alguns dias.