Deu em nada – O Brasil definitivamente é o país dos absurdos. A situação torna-se ainda pior porque a imprensa nacional limita-se a noticiar os fatos sem citar os maléficos desdobramentos do que é imposto pelo governo, goela abaixo, aos cidadãos.
Assinado em 2008 pelos membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (Brasil, Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste), o novo acordo ortográfico deveria entrar em vigor no próximo dia 1º de janeiro, mas o governo brasileiro decidiu adiá-lo, como já foi noticiado largamente.
O erro da imprensa é ater-se exclusivamente aos fatos, não promovendo conexões com outros temas conexos. O Brasil aceitou essa mudança desnecessária e burra, por mera imposição de Portugal, cujos nativos querem que falemos e escrevemos como eles. De nada adiantou essa mudança, a não ser para complicar a vida dos brasileiros, que escrevem ideia e continua falando idéia, como acontece com lingüiça e lingüiça, pingüim e pingüim, e assim vai.
É importante lembrar que em setembro de 2007, o então presidente Lula discursou na Academia Brasileira de Letras, ocasião em que prometeu “zerar” até 2008 o número de cidades brasileiras sem ao menos uma biblioteca.
“Queria aproveitar a ocasião, para antecipar uma das medidas que vou anunciar no dia 4 de outubro e faz parte do Plano Nacional do Livro e da Leitura, que é zerar o número de municípios sem bibliotecas no Brasil e não estamos longe disso. Em 2003, eram 1.173 municípios sem biblioteca. Hoje, são 613. Em 2008, queremos que haja uma biblioteca em cada cidade brasileira”, disse o messiânico Lula.
É preciso saber a quem interessou esse novo acordo ortográfico e quem ganhou com essa mudança, pois os livros didáticos precisaram ser reeditados, mas com o adiamento tornaram-se utópicos em termos redacionais. Sem contar a infinidade de documentos oficiais e privados que foram modificados às pressas para se adequar à nova regra.
A ideia do novo acordo ortográfico surgiu na esteira de os países de língua portuguesa acreditarem que um dia a Organização das Nações Unidas adotará também o idioma, o que não passa de um devaneio terceiro-mundista.
Essa é mais uma história mal contada, além de desnecessária, que entupiu os bolsos de alguns alarifes com o suado dinheiro dos que acreditaram em mais um balão de ensaio com a chancela do Palácio do Planalto.