Depois de Dilma, agora é a vez de Mantega profetizar sobre a economia brasileira no próximo ano

Dupla de coringas – Dilma e Guido Mantega continuam garantindo que 2013 será um ano muito melhor, sem terem certeza dos efeitos das medidas que foram tomadas para estimular o crescimento econômico.

Após ter a garantia da presidente de que continuará no cargo, Mantega anunciou que as taxas de juro nos bancos oficiais (Banco do Brasil e Caixa) sofrerão novos cortes, como forma de aquecer o consumo e, por consequência, girar a economia.

É prematuro e ousado afirmar que a economia brasileira deslanchará, como anuncia o governo, apenas com o corte do juro ao consumidor, com a redução da tarifa de energia elétrica, que depende da aprovação do orçamento da União, e com a desoneração da folha de pagamento para alguns setores. Esse tripé é muito frágil para se fazer qualquer aposta no atual momento.

Reduzir as taxas de juro para que o consumo interno aumente pode ser dois tiros no pé. O primeiro é porque a medida pode não funcionar, uma vez que os consumidores estão escaldados com o endividamento desmedido e a inadimplência elevada. Por maior que seja a tentação de comprar, a maioria não quer acumular em casa pilhas de carnês vencidos. O segundo tiro no pé está relacionado à redução do lucro dos bancos envolvidos na operação.

Por outro lado, a redução da tarifa de energia elétrica não garante a retomada do setor industrial. É uma medida isolada, muito mais carregada de ufanismo do que possibilidade de resultados práticos.

Para fazer a economia avançar e estimular a indústria nacional, o governo precisa, antes de tudo, decidir o que deseja fazer com a política cambial. Em determinados momentos o governo puxa para cima a cotação do dólar como estratégia para incentivar as exportações do País, em outros o Banco Central intervém no mercado para derrubar a moeda norte-americana, o que ocorre quando a resistente inflação começa a ameaçar.

Qualquer movimento em prol do estímulo à economia deve começar com as reformas tributárias e fiscal, não sem antes adotar a política do câmbio flutuante. O próprio mercado de câmbio se autorregula, exigindo do Estado apenas salvaguardas para casos esporádicos de lufadas de especulação predatória. De resto, as leis do mercado, se bem monitoradas, dão conta do recado, sem a necessidade de discursos utópicos e a adoção de medidas inócuas, como se isso produzisse algum resultado positivo.

É importante que os brasileiros dêem o devido desconto a esses discursos, pois muitos dos que balbuciaram soluções até agora acreditam que a rolha do champagne que será aberto na virada do ano traz, além do prazer incontestável que a bebida proporciona, receitas milagrosas para os entraves da vida. O champagne é um néctar dos deuses, o Estado é o pior dos féis.