Nota da PGR sobre investigação de Lula no caso do Mensalão do PT pode ser contrainformação

Dito pelo não dito – É no mínimo estranho o desmentido da Procuradoria-Geral da República (PGR) diante da notícia de que Lula será investigado pelo Ministério Público federal, em primeira instância, com base nas denúncias feitas por Marcos Valério em setembro passado.

Em nota divulgada nesta quarta-feira (9), a PGR informa que “o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ainda não iniciou a análise do depoimento de Marcos Valério, pois aguardava o término do julgamento da AP 470 (mensalão). Esclarece ainda que somente após a análise poderá informar o que será feito com o material. Portanto, não há qualquer decisão em relação a uma possível investigação do caso”.

Já condenado a quarenta anos de prisão, Marcos Valério fez novas denúncias sobre o Mensalão do PT, envolvendo o ex-presidente Lula, sabendo que seu ato não reduziria sua pena, uma vez que a delação premiada, fosse o caso, deveria ocorrer antes do início do trâmite da Ação Penal 470.

Valério sabe muito mais do que os petistas gostariam e não seria irresponsável a ponto de fazer denúncias sem provas. Ele próprio garantiu que entregou provas irrefutáveis à PGR, entre eles depósitos bancários feitos na conta de Freud Godoy, um dos “aloprados” de Lula. Esses documentos são suficientes para a abertura de um processo de investigação.

A promessa de analisar o depoimento de Marcos Valério após o julgamento do processo do Mensalão do PT, feita pelo procurador Roberto Gurgel, já se concretizou, mas a nota divulgada pode ser uma contra-informação para não atrapalhar a investigação que deverá começar em breve, evitando que assessores de Lula comecem a agir com antecedência para eliminar eventuais provas, ou até mesmo atuando nos bastidores do Ministério Público Federal.

Se o MP não investigar o ex-presidente Lula, a autoridade a quem for confiado o processo investigatório poderá incorrer no crime de prevaricação, pois provas não faltam no caso do Mensalão do PT. Na realidade, a CPI dos Correios, cujo relatório serviu de base para a denúncia da Procuradoria-Geral da República, fechou os olhos para muitas provas incontestáveis, que se consideradas levariam Lula ao impeachment.

Há no escândalo de compra de parlamentares provas que ligam o Mensalão com a morte de Celso Daniel, de repatriação de dinheiro ilegal que estava depositado no exterior e de empresários, interessados em se aproximar do Palácio do Planalto, que abasteceram o caixa do esquema com muito dinheiro.

Ademais, veículos de comunicação da importância dos jornais “O Estado de S. Paulo” e “Folha de S. Paulo”, que anteciparam a notícia, não seriam irresponsáveis de divulgar uma informação sem a devida checagem.

É preciso considerar também que nas coxias do poder é grande a pressão do PT para que Lula saia impune e continue na condição de semideus, de Messias tupiniquim.