Alckmin tenta amenizar decisão racista de comandante da PM de SP e se enrola na explicação

Piorou de vez – Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) é bem intencionado, mas peca enormemente quando tenta explicar algum fato ou confusão. Com um discurso de provocar sono em coroinha de igreja, Alckmin dá muitas voltas, quando na verdade deveria tomar medidas imediatas e duras para acabar com as questões polêmicas.

Um comandante da Polícia Militar em Campinas determinou, por meio de ordem assinada em dezembro passado, que seus agentes abordassem jovens de “cor parda e negra” em rondas na região de Taquaral, conhecido bairro da cidade do interior paulista.

Divulgada na quarta-feira (23) pelo jornal “Diário de S.Paulo”, a medida provocou polêmica devido à discriminação da cor da pele das pessoas suspeitas de crimes na região. Alckmin se manifestou sobre o tema nesta quinta-feira (24), mas a emenda ficou pior do que o soneto.

Na opinião do governador, não se trata de racismo, pois a medida visou apenas definir a caracterização física de um grupo específico de supostos criminosos e que, fosse o caso, poderiam ser qualificados como suspeitos um suspeito “loiro” e um “asiático”.

“O que houve foi um assalto ocorrido num bairro. Você tem um suspeito feito pelas características. É como se dizer: ‘Olha, teve um assalto aqui e o suspeito é um loiro, uma pessoa loira, ou o suspeito é uma pessoa japonesa, asiático’. Enfim, o suspeito era uma pessoa de cor parda”, tentou explicar Geraldo Alckmin. “Mas (esse foi) um caso específico, onde havia um suspeito. Não há nenhuma forma de discriminação”, completou o governador.

Alckmin está equivocado, pois trata-se, sim, de um caso de racismo. E o comandante da PM já deveria ter sido afastado, pois a atitude é inconcebível em um país onde predomina a miscigenação.

Como o ucho.info é isonômico ao tratar as questões políticas, não poupando um ou outro, voltemos no tempo e lembremos a declaração fanfarrista de Lula a respeito da crise internacional que começou nos Estados Unidos. O então presidente disse que a crise era coisa de “loiros de olhos azuis”. E na época o PSDB não perdoou o escorregão de Lula.

O que Geraldo Alckmin está tentando fazer com essa explicação esfarrapada é uma pasteurização pontual. Muitos criminosos usam motocicletas para facilitar a ação e principalmente a fuga. Mas isso não significa que todos os motociclistas são criminosos. Seria o mesmo que afirmar que todo político é bandido, apesar de essa tese estar se aproximando cada vez mais da verdade. Não se pode nivelar por baixo qualquer análise, pois do contrário todo barbudo e narigudo, com turbante túnica, que manca de uma perna é terrorista.

O que Geraldo Alckmin está tentando fazer com essa explicação esfarrapada é uma pasteurização pontual. Muitos criminosos usam motocicletas para facilitar a ação e principalmente a fuga. Mas isso não significa que todos os motociclistas são criminosos. Seria o mesmo que afirmar que todo político é bandido. É verdade que essa tese está caminhando na direção da confirmação, mas não se pode nivelar por baixo qualquer análise.

Imagine, caro leitor, se Geraldo Alckmin fosse governador da Bahia e tivesses esse comandante da PM ao seu lado. Metade da Bahia seria abordada pela polícia todos os dias e nem o terreiro do Gantois escaparia da blitz. Governador, em alguns momentos o silêncio é ouro, por mais que exista o risco de alguém interpretá-lo erroneamente. Sua Excelência perdeu a grande oportunidade de ficar de boca fechada.