Jogo rasteiro – A covardia de Tarso Genro, governador do Rio Grande do Sul, é conhecida dos gaúchos desde os tempos da ditadura militar, quando ele, dizendo-se reacionário e perseguido, fugiu para o Uruguai atravessando uma avenida. Obediente ao pai, Tarso voltou ao Brasil debaixo da asa de um oficial do Exército, com quem ficou sob proteção em Porto Alegre.
Tarso Genro é dono de covardia e incompetência tão previsíveis, que errar a mão quando se escreve uma matéria sobre ele seria burrice. Horas depois do trágico acidente ocorrido na cidade do interior gaúcho, em que 235 pessoas morreram na esteira de um incêndio provocado por show pirotécnico em uma casa noturna, o ucho.info alertou os leitores para o fato de que Tarso Genro transferiria a culpa para Cezar Schirmer, prefeito de Santa Maria.
Schirmer é filiado ao PMDB, partido que na esfera federal é um dos mais importantes da base de sustentação do governo Dilma, mas há em seu currículo um detalhe que havia caído no esquecimento da opinião pública e que prontamente foi lembrado por este site. O detalhe, que não macula sua história, pelo contrário, é que Cezar Schirmer foi o relator do processo de cassação do deputado federal João Paulo Cunha no Conselho de Ética da Câmara. Em seu relatório, Schirmer concluiu pela cassação do mandato do petista, o que não foi conformado em plenário porque as reticências financeiras do Mensalão do PT ainda estavam dentro do prazo de validade.
Em entrevista à Rádio Estadão, na manhã desta quinta-feira (31), Tarso Genro disse que a prefeitura não deveria ter concedido o alvará de funcionamento à casa noturna que acabou consumida pelo fogo.
“Mesmo que (a boate) estivesse dentro de normas legais de engenharia, qualquer leigo olharia aquele local e não daria alvará. Não tinha portas laterais, era uma espécie de alçapão, uma estrutura predatória da vida humana. E era visível que a casa não estava preparada para receber mais gente do que o autorizado, cerca de 600 pessoas”, disse Tarso Genro.
Se Tarso Genro foi um leigo no Ministério da Educação e uma anomalia no Ministério da Justiça, apenas porque é companheiro de Lula, não será um néscio e ignaro que decidirá se uma casa noturna pode ou não funcionar. Cabe a cada autoridade, nas diversas instâncias do poder público, cumprir o papel que lhe cabe. Se a causa das mortes foi o incêndio, a responsabilidade compete às autoridades que liberaram o local, nesse caso o Corpo de Bombeiros.
Não há como a prefeitura negar o alvará de funcionamento de um empreendimento que, estando de acordo com o que determina a legislação municipal, conta com autorização do Corpo de Bombeiros. Caso a prefeitura negue o alvará sem justificativa plausível,o que no momento não existia, corre o risco de ser processada judicialmente e condenada a indenizar os donos do negócio.
Os Poderes do Estado são constituídos à sombra da Constituição Federal, cabendo a eles o respeito mútuo, mesmo que na mesma esfera, não sendo permitido o atropelamento de leis que regem a União, estados e municípios, em detrimento de ou de outro. Se o governador é covarde a ponto de não reconhecer a culpa do seu governo e precisa tirar o seu partido do olho do furacão, a história é outra.
Tarso Genro sabe que o Corpo de Bombeiros errou ao vistoriar e liberar pela primeira vez o local onde funcionava a boate Kiss. Os jovens que lá estavam morreram porque não tiveram como escapar do incêndio, pois o imóvel não tinha as saídas de emergência necessárias e muito menos rota de fuga. E isso compete ao Corpo de Bombeiros verificar e aprovar, ou não.
Pela história inconteste e importância como unidade da federação, o Rio Grande do Sul é grande demais para a pequenez de Tarso Genro como homem público e ser humano. O povo gaúcho, que ainda molha o chimarrão do cotidiano com as lágrimas da tristeza advinda de Santa Maria, não merece um governador desse naipe.