Veneza tupiniquim – Gigante pela própria natureza, a cidade de São Paulo tem dois santos padroeiros. Sant’Ana, que está no cargo há mais de dois séculos, e o aposto São Paulo, nomeado recentemente, mais precisamente em 2008. Porém, um dos mais requisitados santos pelos motoristas paulistanos é São Cristóvão, o protetor dos que assumem o volante da complexa e quarta maior cidade do planeta.
Como a incompetência dos administradores é velha conhecida dos que moram na cidade, em temporada de chuva os motoristas se unem em preces a Noé, na esperança de que o bíblico salvador da fauna apareça mais adiante com sua arca.
Na tarde desta sexta-feira, dia de estreia do mês de fevereiro, São Paulo foi atingida por forte chuva e, como sempre acontece, diversas ruas e avenidas foram alagadas pela água que retorna dos bueiros e transborda de rios, riachos e córregos. Ou seja, não há como o cidadão escapar se estiver na rua, mesmo que seja um experiente escafandrista.
O problema é antigo, mas a solução sempre fica nos palanques eleitorais em forma de promessa. Abertas as urnas, as enchentes voltam a dar sinal de vida três meses depois. Quem se candidata à prefeitura da capital dos paulistas sabe do problema, que só será resolvido quando os prejudicados se unirem e entrarem com uma ação coletiva de indenização contra a municipalidade.
O cidadão paga os impostos municipais, mas não tem a devida contrapartida da prefeitura. Carros, casas, negócios, sonhos e projetos são tomados por água barrenta, mas o prefeito se limita a acompanhar a tragédia pela televisão e de olho nas informações dos assessores.
Fernando Haddad chegou faz pouco tempo e ainda não teve tempo suficiente para solucionar um problema tão complexo, mas não deveria ter se rendido às exigências de Gilberto Kassab, que deixou a cidade em estado deplorável, mas fincou seus apaniguados no setor de turismo da prefeitura. Como prêmio de consolação, Kassab, que é presidente nacional do PSD e traiu Serra e Geraldo Alckmin de maneira covarde, está a um passo de transformar o vice-governador do Estado, Guilherme Afif Domingos, em ministro do governo Dilma.
Quando o eleitor criar vergonha e deixar de comparecer às urnas, ignorando a balela que o voto é um ato de cidadania, talvez a situação comece a mudar. No dia em que abstenções e os votos nulos brancos somarem mais do que 50% do contingente eleitoral, os políticos começarão a se preocupar