Esquerda, volver! – Há no Brasil uma ordem subterrânea para demonizar todos os que são ou foram contra a esquerda. Sob a alegação de que o País precisa saber a verdade da sua própria história, a esquerda verde-loura, liderada pelo Partido dos Trabalhadores e movida pelo revanchismo, criou as Comissões da verdade, com o explícito objetivo de condenar publicamente os que nos tempos da ditadura apoiavam os militares.
O apoio a quem estava no poder, à época, era uma questão de sobrevivência, não de conivência ideológica. O grande equívoco que tem sido cometido nessas tais comissões é que a presidência ou o comando fica nas mãos de um petista ou simpatizante exacerbado da legenda. Ou seja, não é preciso muito esforço do raciocínio para saber o resultado desse trabalho, que ignorou a isonomia no tratamento de todos os que participaram do período mais tenso da política brasileira.
Ao patíbulo da opinião pública irão apenas os militares, ficando impunes os guerrilheiros esquerdistas que de igual modo, mas em proporção menor, patrocinaram barbáries equivalentes. Cá não estamos a defender um lado e atacar outro, mas cobrar tratamento equânime das questões e fatos relacionados ao tema. Se integrantes da esquerda foram vítimas de atrocidades cometidas por militares, esses, não especificamente os mesmos, tombaram sob a covardia idêntica dos revolucionários.
O que os esquerdistas combatiam à época é o mesmo que eles tentam implantar no Brasil nos dias atuais: um modelo político totalitarista, desta vez sob os pilares do socialismo safado que impera na América Latina. Todo regime ditatorial é condenável, não importando se de direita ou de esquerda. E isso precisa ser levado em conta a todo instante, pois o caudilhismo não é a salvação do planeta.
A Comissão da Verdade criada na Assembleia Legislativa de São Paulo é presidida pelo petista Adriano Diogo, o que já antecipa o resultado dos trabalhos. A comissão está prestes a cometer um grave e enorme erro, pois a banda esquerdista do colegiado, criado com propósito específico, tomará como norte para a execração pública livros de registro de entrada e saída de pessoas no antigo Dops, um dos órgãos da repressão durante a ditadura militar. O material que será analisado é composto por seis livros encontrados no Arquivo Público do Estado de São Paulo.
O objetivo é apontar o indicador na direção de pessoas que por ventura passaram pelo órgão e que não tinham qualquer vínculo com o movimento esquerdista. Pelo menos é isso que deu a entender o deputado estadual Adriano Diogo, presidente da Comissão da Verdade da Alesp.
Não se pode pasteurizar a classificação das pessoas que foram ao Dops durante o regime militar, pois certamente inocentes serão transformados em culpados pela sanha revanchista que embala os atuais donos do poder.
Mesmo que a Lei da Anistia, que beneficiou ambos os lados, seja desrespeitada, o que é normal no Brasil no âmbito do conjunto legal, os brasileiros têm o direito de conhecer a história do País, desde que ela seja narrada em sua totalidade e com imparcialidade, mas em momento algum seja transformada em ode à vingança de quem intentava o mesmo que os militares. Assim como os fatos que marcam a vida de uma pessoa, a história tem pelo menos dois lados, os quais devem ser expostos à opinião pública sem privilégio a qualquer das partes.
O pai do editor do ucho.info, assim como o próprio, passou pelo Dops, mas nem por isso foi um defensor de qualquer dos modelos políticos. Antes de ser covardemente assassinado aos 49 anos, apenas porque era honesto e exalava a coerência do raciocínio, recebeu, em seu escritório, a visita inesperada de três agentes do antigo SNI. Essa tragédia não foi motivo para qualquer ação revanchista por parte da família, que por várias vezes teve de conviver com sua ausência, motivada pelas perseguições. De igual modo, a família, que enfrentou a brutalidade dos militares durante invasão à residência por agentes do DOI-Codi, jamais pensou em pedir indenização ao Estado.
O que não se pode, reforçamos, é acusar de forma deliberada todos os que tiveram os nomes registrados nos livros de presença do Dops, pois entre tantos há um cipoal de inocentes. Essa teoria obtusa adotada por Adriano Diogo é semelhante àquela que faz com que todo proprietário de uma motocicleta seja considerado um marginal, apenas porque os assaltantes usam esse meio de transporte para facilitar a fuga. Seguir pela trilha adotada pela Comissão da verdade é mentir para si próprio e repetir o erro crasso dos militares.
Positivo e democrático seria se Adriano Diogo se dispusesse a escancarar a verdade da plúmbea era sem privilégios de qualquer natureza. Mas isso é uma utopia do pensamento de quem pauta a existência pela coerência.