(*) Ucho Haddad –
Dilma, nossos colóquios redacionais, mesmo que de mão única, tornaram-se tão corriqueiros que não me preocupo mais em pedir licença para abrir mão da formalidade. Usarei “você”, no bom sentido, porque no mal você é que nos usa. E ponto final!
Sabe, Dilma, você me surpreendeu com seu discurso na Paraíba. Sei que na empolgação qualquer um fala pelos cotovelos e também o que não deve, mas o fato de ter declarado “podemos fazer o diabo na hora da eleição” causou surpresa. Em primeiro lugar porque é um mea culpa inusitado na seara petista, onde só existem inocentes e bem intencionados. Sem contar os primos de Aladim e herdeiros de Messias. Afinal, o PT, o partido onde você é cristã nova, é a redenção do universo.
Pela primeira vez sou obrigado a lhe dar razão, Dilma, a reconhecer que você está certa. De fato o PT faz o diabo na hora da eleição. E depois também. Agora essa história de “podemos fazer o diabo” é armadilha discursiva para fugir à responsabilidade. Vocês, petistas, não poderiam e nem deveriam fazer o diabo na hora da eleição, mas fazem coisas que até o diabo duvida. E quando o diabo desconfia é porque o adversário é do mal.
A forma como a “companheirada” se comporta durante uma disputa eleitoral é algo tão covarde e sórdido que chega a causar repulsa. Vocês, em sua extensa maioria, Dilma, são adeptos do jogo imundo e rasteiro. Não importa se a mentira dominará o palco da disputa eleitoral. O negócio é vencer a qualquer preço. E você deixou isso muito claro ao falar para os paraibanos.
Esse vale-tudo, Dilma, só confirma o que o povo já sabe. Que a vida política vale muito à pena, que é uma cornucópia incansável e dourada. Basta ver a evolução patrimonial de quem ingressou na carreira. Depois da campanha, quando o candidato está eleito, é que o diabo entra em cena. Veja o caso do seu antecessor, Lula. Posou de bom moço durante a campanha de 2002 e na primeira semana do mandato já se transformou em preposto de lúcifer. Você, Dilma, pode até dizer que o meu desejo é demonizá-lo, mas não sou adepto das redundâncias. E demonizar quem assim já está é perda de tempo.
Dilma, explico melhor o meu pensamento. Enquanto estava em campanha, Lula era um representante do povo. Depois de eleito, ele representou só a si mesmo, representou a corrupção, o que de pior pode existir na história de uma nação. Cuidou dos próprios interesses, fez da última década a melhor de todas para os petistas que estão escorados no Estado, cada vez mais vil e corrupto. Longe de se cinéfilo obcecado, ouso afirmar que o Lula de hoje é o diabo que veste Prada. Nem de longe quero compará-lo àquele primor de filme estrelado pela competente Meryl Streep.
Sabe, Dilma, já que estamos falando de diabo, a economia brasileira é uma diabrura só, o brasileiro está vivendo um verdadeiro inferno, mas você acredita que o Brasil nas mãos do PT é um paraíso. Dilma, você há de concordar com essa minha afirmação, pois nada pode ser mais diabólico na vida de um trabalhador do que a inflação. E você insiste em dizer que a malfadada inflação está sob controle. Dilma, o Brasil sabe que você não é uma pessoa de fé e muito menos seguidora de uma religião, até porque comuna que acredita em Deus é fajuto, de camelô. Mesmo assim, quem mente acaba no inferno. Pelo menos é o que ensinavam os antigos.
Diferentemente da praga que seus companheiros rogam contra mim, não quero que você acabe no inferno. Por mais bagunçado que seja, a seara luciferiana é organizada a seu modo e o diabo admite que mente. Ao passo que você mente de maneira endiabrada e afirma estar falando a verdade. Por isso desejo que você acabe por aqui mesmo, nesse Brasil que o PT redescobriu em 1º de janeiro de 2003. E desejar a algum petista que acabe no inferno é covardia com o diabo. Como mencionei no texto anterior, Dilma, continuarei a infernizar o seu cotidiano, mas não agindo como vocês, que fazem o diabo na hora da eleição. Apenas usarei aquilo que Deus me deu de sobra: lógica e raciocínio.
Imagine, Dilma, você chegando à porta do inferno na companhia do Lula. O diabo é capaz de cometer suicídio. Não, Dilma, deixe o diabo com o território dele. Você e Lula, lá no inferno, inventarão de transpor as lavas incandescentes para outro canto, a obra será suspensa logo no começo… Será uma enorme confusão. Depois pode acontecer de ter um apagão no inferno e você acabará se desentendo com o diabo.
Dilma, você pode até me acusar de intransigência, mas a sua encenação e as mentiras que balbucia são provas indubitáveis do seu pacto com o diabo. Voltemos no tempo, Dilma, e recordemos o dia em que você foi à Basílica de Aparecida para enganar o povo sobre a sua religiosidade, que inexiste, mas que veio à baila com a polêmica acerca do aborto. Você lá chegou com expressão de boa samaritana, ludibriou boa parte da opinião pública, mas sua essência continuava diabólica. Até porque, como você mesma afirmou, em eleição faz-se o diabo. Eu prefiro passar longe das eleições e continuar com Deus.
Meu saudoso pai, Dilma, um homem humilde que certamente daria um baile em você e no Lula juntos por causa da sua inteligência, sempre usava uma frase que jamais saiu da minha memória. “Quando o sujeito é burro, peça a Deus que o mate e o diabo que o carregue”. Olhando pelo lado da inteligência exacerbada do meu pai, comprovada diversas vezes em testes específicos, conviver com burro é um sacrilégio.
Dilma, não desejo o mal de quem quer que seja e muito menos torço pela morte de um opositor ou adversário ideológico. Lembre-se que torci muito pela sua recuperação e a de Lula também. Mas um fato é absolutamente inegável: o pior burro é aquele que acredita ser gênio. E a realidade atual do Brasil mostra de maneira inequívoca que o diabo, aquele com quem você se dá bem na eleição e depois, está precisando passar nessa louca terra de Macunaíma e fazer uma faxina, encher meia dúzia de caçambas com energúmenos. Até porque, Dilma, o que tem de burro com mandato no Brasil chega a impressionar.
Fosse externar o desejo de milhões de brasileiros, deveria torcer para que o diabo lhe carregasse. Mas não, Dilma! Sou homem de bem e de fé. Mesmo você não crendo em Deus, peço a Ele que lhe dê proteção, pois o diabo não apenas está cada vez mais perto de você, como a inventou eleitoralmente. Eis o inferno em que foi transformado o Brasil!