Rei Juan Carlos, o falador Hugo Chávez “se calló para siempre”

    (*) Ucho Haddad –

    Não há como esquecer o histórico “Por qué non te callas?”, disparado pelo rei Juan Carlos, da Espanha, ao fanfarrão Hugo Chávez durante a XVII Conferência Ibero-Americana, realizada em 2007 no Chile. Juan Carlos saiu da linha porque naquela ocasião Chávez insistia em interromper o discurso de José Luis Zapatero, que defendia José María Aznar, um desafeto do agora oficialmente finado caudilho bolivariano.

    Há quem diga que Chávez era um estrategista e que abusava das micagens e sandices para alcançar seus objetivos, mas esse posicionamento politicamente correto de alguns analistas políticos é medo de assumir a verdade e falta de coragem para fazer jornalismo opinativo. Chávez foi um oportunista com aptidões circenses, que procurava confusões para justificar as atitudes totalitaristas que tomava na Venezuela.

    Depois do entrevero com o rei Juan Carlos, o bolivariano Chávez anunciou que passaria a cobrar mais impostos das empresas espanholas que operavam na Venezuela. Se arrumar confusões para justificar o populismo barato que emoldura uma trajetória política é ser estrategista, que alguém explique o que é imbecilidade. O máximo que se pode dizer é que Hugo Chávez tinha um objetivo escuso e correu o tempo todo atrás disso. Daí a ser estrategista há uma enorme distância.

    Chávez fingiu que se chateou com Juan Carlos apenas para não perder a pose de falso libertador da América do Sul, mas aproveitou como pode o espaço que a mídia dedicou ao destempero real. Hugo Chávez foi um psicopata que, como tal, cultivava obsessões, sempre perseguidas a qualquer preço. E a carraspana aplicada pelo espanhol foi o que o tiranete precisava naquele momento para ganhar as manchetes. Fosse um estrategista, como alegam alguns ditos especialistas, Chávez teria deixado Venezuela em outra situação política, que não essa que coloca o chavismo na corda bamba.

    Assim como Lula, o déspota venezuelano era um animal político que crescia em cima do palanque quando balbuciava as bobagens que levavam os incautos ao delírio. Ao longo do tempo, aprimorou esse seu viés embusteiro, o que lhe permitiu manipular a consciência dos venezuelanos. Muitos profissionais da imprensa, temerosos diante de uma tomada de posição, ousaram dizer que Chávez fez o que fez dentro da legalidade. Sim, é verdade, pois todo tirano cria leis que o beneficiam e o tiram da lama da ilegalidade, mesmo quando são tomados pelos maiores devaneios absolutistas.

    Hugo Chávez era tão péssimo estrategista e tinha tanto a esconder, que recusou um tratamento médico no Brasil e preferiu arriscar a própria vida em um hospital de Havana, que nem em sonho conseguiu confirmar a excelência da medicina cubana de que tanto se fala pelo mundo afora. Quem prefere selar um pacto com a morte não pode ser chamado de estrategista. O que não significa que no Brasil a morte não bateria à sua porta, mas poderia ter acontecido bem mais tarde. Resumindo, não existe estratégia na história de Hugo Chávez, mas, sim, oportunismo de botequim.

    O esforço de Hugo Chávez para aparecer na imprensa internacional era tão descabido e absurdo, que até os restos mortais de Simon Bolívar ele mandou desenterrar. O desmedido histrionismo de Chávez levou-o a discursar diante dos ossos de Bolívar. “Este glorioso esqueleto tem de ser Bolívar, pois sentimos a sua chama. Bolívar vive!”, disse o venezuelano em 2010. Só mesmo um destrambelhado seria capaz de algo assim.

    O ex-presidente venezuelano era tão estúpido e mentiroso, que socializou a miséria em seu país apenas para dar vazão ao seu falso antiamericanismo. Fosse fiel às suas convicções, não venderia o petróleo venezuelano aos norte-americanos e nem deixaria seus filhos se esbaldarem na Terra do Tio Sam, posando para fotos com um punhado de notas de dólar nas mãos.

    Como todos sabem, trato os adversários ideológicos com a lhaneza que eles não merecem e nem mesmo em pesadelo me dedicam, pois uso a lógica do raciocínio para embasar o meu ideário, mas não desejo o mal do meu semelhante, por mais inimigo que ele possa ser. Mesmo agarrado a esse comportamento cavalheiresco, reconheço a precisão das palavras de Juan Carlos, até porque só calado Chávez era passível de convivência. Sendo assim, aqui deixo o meu recado ao rei de Espanha, exaltando-o: “Chávez se calló oficialmente e para siempre!”