Quem dá ordens neste país

(*) Carlos Brickmann –

1 – O pastor Marco Feliciano, indicado pelo PSC para presidir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, é aquele que disse no Twitter que os africanos descendem de um ancestral “amaldiçoado por Noé” e que por isso a África enfrenta doença, fome e paganismo. Diz também que “o reto não foi feito para ser penetrado”, e que não é contra homossexuais, mas contra “o ato homossexual”. O PSC indica o presidente da Comissão de Direitos Humanos e o quer no cargo.

2 – o PMDB indicou João Magalhães para a presidência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara Federal. Seus bens estão indisponíveis, por ordem da Justiça Federal, pela acusação de desvio de verbas. Veja no Google “João Magalhães”, “Operação João de Barro”, com 27 mil citações. É jogo bruto.

3 – De Lauro Jardim (http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/): “Gustavo Falcão da Silva, que presidiu o instituto de previdência dos servidores de Nova Iguaçu quando Lindbergh Farias foi prefeito da cidade, acaba de conseguir um novo cargo. Sob o comando de outro petista – no caso, Agnelo Queiroz – ele vai presidir o instituto de previdência dos servidores do Distrito Federal.

“Pelo jeito, currículo é o que não falta para Falcão. Ele foi condenado pelo TCE do Rio de Janeiro a devolver dinheiro aos cofres públicos devido à má-gestão durante sua passagem pela previdência dos servidores de Nova Iguaçu.

“Sua gestão também é investigada pelo crime de responsabilidade fiscal, improbidade administrativa, desvio e utilização indevida de recursos.”

Tem mais, tem mais

“Era segredo, mas… O Conselho Nacional de Justiça acompanha os passos de um juiz federal de Mato Grosso do Sul, que passou a frequentar a residência de um contraventor do jogo do bicho. As reuniões ocorrem no meio da semana, na companhia de desembargadores e parlamentares. Come-se bacalhau e joga-se carteado, enquanto policiais federais fazem a guarda do lado de fora da residência. E não se fala em processo…”

Nota do respeitado portal jurídico Espaço Vital (www.espacovital.com.br), publicada no dia 5, sob o título “Adivinhe quem vem para jantar”.

Controle porradal da mídia

O jornalista Merval Pereira, de O Globo, foi atacado por um grupo de cafajestes na saída do MAR, Museu de Arte do Rio, que acabava de ser inaugurado. Alguém, que provavelmente não gosta da posição política de Merval, o reconheceu e insultou. O carro do jornalista foi cercado pelos cafajestes, que o atacaram a chutes. Merval só pôde sair quando a PM dispersou a cafajestada. É o segundo caso em poucos dias de agressão a jornalista por grupos de cafajestes. Há dia, uma repórter da Folha de S.Paulo levou socos e chutes por ser funcionária da Folha.

Prisões, processos? Não é o partido no poder que ataca a imprensa?

Censura tucana

O governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, conseguiu uma liminar na Justiça proibindo a jornalista Lênia Soares, do Diário de Goiás, de escrever seu nome. Lênia não pode nem dizer que Perillo é bonito, que emagreceu, que não pinta o cabelo, nada disso. Falar em Cachoeira, então, nem pensar (veja o blog de Lênia em http://diariodegoias.com.br/blogs/lenia-soares).

Dizem que a Constituição veda a Censura. Mas, se Sarney conseguiu censurar o Estadão, que fazer?

A cascata do Cachoeira

A CPI do Cachoeira não teve nenhum indiciado. E o relatório final da CPI (que terminou tristemente em 18 de novembro) só agora foi encaminhado ao Ministério Público de Goiás, ao Ministério da Justiça e à Procuradoria-Geral da República.

A cachoeirada de dedos ágeis teve bom tempo para apagar vestígios.

Inzoneiro

O Tribunal Superior do Trabalho condenou a empresa Monte Carlos’s a pagar os direitos trabalhistas de uma empregada que lá trabalhou por oito meses. A empresa defendeu-se informando que explora o jogo do bicho e que, como o trabalho de bicheiro é ilícito, não está sujeito a direitos trabalhistas. Como falta de vergonha não está penalmente definida, os bicheiros foram condenados só a pagar os direitos trabalhistas da funcionária. O TST informou também a Anatel que Vivo, Oi, Claro e TIM liberam a venda de créditos para celulares em bancas de jogo de bicho.

Não deve ser crime: só seria se os celulares funcionassem.

O Governo informa

A Secretaria da Segurança de São Paulo informa: “O respeitável colunista Carlos Brickmann errou ao criticar, por uma suposição, a formação do novo superintendente da Polícia Técnico-Científica. Diferentemente do que afirma o jornalista, o médico Paulo Argarate Vasques é, além de psiquiatra, especialista em Medicina Legal, como consta no currículo do profissional, publicado no site da Secretaria de Segurança Pública no dia 28 de fevereiro. Portanto, uma simples consulta ao site teria evitado o equívoco e, consequentemente, a desnecessária crítica”.

Registrado. Mas a informação está num press-release. No corpo do site, que este colunista gravou ontem, dia 5, informa-se que o cargo é ocupado pelo perito criminal Celso Perioli. Pena que não estivesse atualizado.

(*) Carlos Brickmann é jornalista e consultor de comunicação. Diretor da Brickmann & Associados, foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes; repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S. Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.