Fora de esquadro – O atropelamento de um ciclista na Avenida Paulista nas primeiras horas do domingo (10) mostra que o local é inadequado para o funcionamento de uma ciclofaixa, como alertou o ucho.info em diversas ocasiões.
Por volta das 5 horas da manhã, o ciclista David Santos Souza, de 21 anos, foi atropelado e perdeu um dos braços no acidente. O motorista fugiu sem prestar socorro e horas depois se apresentou em um batalhão da Polícia Militar, que o levou à delegacia. Aos domingos, as ciclofaixas paulistanas funcionam das 7h às 16h, mas a demarcação das mesmas acontece por volta das 4 horas da manhã.
Não se trata de defender o motorista, que segundo relato dos policiais apresentava sinais de embriaguez, mas é preciso reconhecer que a Avenida Paulista é uma das mais movimentadas vias da cidade e corredor de acesso aos dez mais importantes hospitais de São Paulo (Oswaldo Cruz, Beneficência Portuguesa, Santa Catarina, Emílio Ribas, Hospital do Coração, 9 de Julho, Sírio-Libanês, Instituto do Coração, Hospital das Clínicas e Instituto do Câncer de São Paulo).
Como o funcionamento das ciclofaixas, ao domingos a Avenida Paulista fica com apenas duas pistas para a circulação de carros e ambulâncias, já que uma terceira é exclusiva dos ônibus. Mesmo nos finais de semana, a avenida tem trânsito intenso na maior parte do tempo.
Se os cones que demarcam as ciclofaixas são colocados pela prefeitura às 4 horas da manhã, a partir do mesmo horário devem estar a postos os profissionais que orientam os motoristas e os ciclistas. Do contrário, novas tragédias ocorrerão em uma cidade que não tem condições estruturais de tráfego e nem mesmo topografia para abrigar ciclofaixas, todas interligadas.
Há na cidade espaços para construir ciclovias (permanentes), mas para agradar a população o ex-prefeito Gilberto Kassab deixou a lógica de lado e criou ciclofaixas em vias de intenso movimento. Na tragédia dominical o único que não tem culpa é o ciclista atropelado.