Abrindo a torneira – As chuvas que fecham o verão continuam causando estragos em várias regiões do País e mostrando a inoperância dos governantes. No Rio de Janeiro, vítimas fatais foram registradas em Petrópolis, que anos foi devastada pelas águas de Pedro. Por enquanto, pelo menos três pessoas morreram e muitas estão desaparecidas, possivelmente soterradas na cidade da Serra Fluminense.
No litoral norte paulista, mais precisamente em São Sebastião, onde há um importante porto utilizado por navios petroleiros, as inundações tomaram conta do município e inviabilizaram o tráfego nas ruas de muitas praias, principalmente na parte sul da concorrida cidade litorânea. O estrago foi tamanho, que a rodovia Rio-Santos acabou interditada por causa dos deslizamentos de terra. Nas diversas praias de São Sebastião, a maré alta impediu o escoamento da água da chuva e fez o nível dos rios locais subir até um metro acima do normal. Moradores perderam casas, veranistas acumularam prejuízos impressionantes e comerciantes viram seus negócios sucumbir diante da força da água.
Quando o saudoso maestro Tom Jobim compôs “Águas de Março” não foi por acaso. A letra da música que logo transformou-se em sucesso traduzia a dura realidade que emoldurou uma propriedade do músico na Serra Fluminense e que foi arrastada pela força da chuva morro abaixo. As autoridades sabem que esse tipo de tragédia repete-se ano após ano, mas fingem ignorar o assunto como se a natureza fosse sabiamente respeitada.
Os governadores Sérgio Cabral Filho (PMDB) e Geraldo Alckmin (PSDB), do Rio de Janeiro e de São Paulo, respectivamente, em conjunto com os prefeitos devem explicações e indenizações aos moradores das cidades atingidas pelas chuvas e que mais uma vez foram vítimas da incompetência dos políticos. Discursos insossos e embusteiros encontrarão resistência na falta de paciência dos cidadãos. Que Cabral e Alckmin não se esqueçam que o próximo ano será de eleições.