Itamaraty aceitou as badernas de Zelaya em Honduras, mas cerceia senador boliviano em La Paz

Dupla face – No Brasil, o país que foi transformado em barafunda socialista, os direitos humanos só valem quando a vítima é de esquerda ou defende alguma causa que interessa política e eleitoralmente aos donos do poder. Do contrário, o melhor é desistir de protestar, pois o barulho não produzirá eco.

Por ocasião da mais recente leva de dissidentes do regime cubano que foram levados aos cárceres da ilha caribenha, a presidente Dilma Rousseff reuniu-se em Havana com os irmãos-ditadores Fidel e Raúl Castro, mas se negou a tratar do assunto alegando que o governo brasileiro não interfere em assuntos internos de outra nação.

Inspirado no finado tiranete Hugo Chávez, o baderneiro Manuel Zelaya tentou aplicar um golpe em Honduras mudando a Constituição local para continuar no poder, mas acabou expulso do país centro-americano com base nas leis vigentes. Zelaya voltou a Tegucigalpa, escondido no porta-malas de um carro, e acabou refugiado na embaixada do Brasil na capital hondurenha.

A representação diplomática brasileira foi ocupada por Manuel Zelaya como se o local fosse de sua propriedade. As imagens divulgadas em todo o planeta, nas quais Zelaya aparecia esparramado em um sofá da embaixada, envergonharam os brasileiros por causa da pífia atuação da diplomacia nacional. Na embaixada brasileira o golpista montou algo que parecia um misto de casa de veraneio com bunker. E o governo do então presidente Lula não tomou qualquer providência para despejar o nefasto inquilino, cujas despesas foram custeadas com o suado dinheiro dos contribuintes brasileiros.

Os partidos políticos que fazem oposição ao boliviano Evo Morales acusaram o ministro Antonio Patriota, das Relações Exteriores, de ter limitado as visitas ao senador Roger Pinto, que há quase dez meses encontra-se asilado na embaixada do Brasil em La Paz. A denúncia foi feita por integrantes de uma igreja evangélica, da qual o senador faz parte.

“Tenho ligado para a embaixada e finalmente contatei o funcionário mais alto em serviço, que me confirmou que o mencionado na carta dos pastores é correto”, afirmou o senador opositor Felipe Dorado.

Ora, a presidente Dilma Rousseff, que está em Roma para participar da cerimônia que oficializará o início do pontificado do papa Francisco, disse nesta segunda-feira (18) que o líder da Igreja Católica precisa compreender as “opções diferenciadas das pessoas”.

Ora, se Zelaya fez da embaixada brasileira em Honduras o seu reduto de resistência, a ponto de impedir o trabalho diplomático no local, o senador boliviano, que é um refugiado político, tem o direito de receber visitas. Ou será que nossas embaixadas só servem de refúgio para socialistas e comunistas?

Pelo que se sabe, Dilma Rousseff foi eleita para presidir o Brasil, não para comandar uma corrente político-ideológica e muito menos para transformar o Brasil em parque de diversões do socialismo boquirroto. Ou o senador Roger Pinto recebe as visitas que pleiteia, ou o governo brasileiro cobra de Zelaya o valor das estadias e o custo dos reparos que foram feitos na embaixada depois de sua saída.

Dilma precisa medir o que fala e o que faz, sob pena de cair diuturnamente com contradições. Até porque, o senador boliviano tem o direito de ter uma opção político distinta do índio-cocalero Evo Morales, que até outro dia era marionete de luxo do agora finado Hugo Chávez.

Por onde anda a ministra da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Maria do Rosário, que ainda não se manifestou sobre o caso do senador Roger Pinto? Afinal, o senador recebeu do governo brasileiro sinal verde em seu pedido de asilo, mas enfrenta a má vontade de Evo Morales para conceder o salvo-conduto.

Roger Pinto está refugiado na embaixada brasileira desde 28 de maio de 2012, ocasião em que buscou proteção após ter acusado autoridades bolivianas com o tráfico de drogas. O que não é novidade.