Porteira aberta – O reajuste de 12,72% que a Diretoria-Geral da Câmara dos Deputados anunciou, na noite de quinta-feira (21), na cota para o exercício parlamentar, conhecida como “cotão”, obriga os brasileiros a serem vigilantes com os supostos representantes, pois trata-se de valor elevado em um país onde o salário mínimo vale R$ 678 e é considerado pela classe política como uma conquista do trabalhador.
O “cotão” – que serve para custear os gastos com passagens aéreas, telefonemas e serviços postais – oscilará, dependendo do estado de origem do parlamentar, entre R$ 25,9 mil e R$ 38,5 mil, O auxílio-moradia, que é pago aos parlamentares que se recusam a ocupar os apartamentos funcionais, sofreu reajuste de 26,6% e passou de R$ 3 mil para R$ 3,8 mil.
É importante destacar que, como já noticiou o ucho.info, as viagens entre Brasília e os estados de origem dos parlamentares proporcionam aos mesmos um acúmulo de milhagens, convertido em passagens que não são utilizadas para fins oficiais, mas, na maioria das vezes, para proporcionar as férias de familiares e idas e vindas de pessoas alheias ao mandato político.
No caso do auxílio-moradia, que é paga sem controle do seu efetivo gasto, durante anos a fio foi utilizada por alguns parlamentares para quitar as parcelas de financiamento de imóveis na capital federal. Isso configura desvio de objetivo e deveria ser motivo para a cassação do mandato, pois o valor é acrescentado ao contracheque do parlamentar para garantir sua hospedagem em Brasília, não para a aquisição de patrimônio.
Há alguns anos, quando o ucho.info denunciou essa prática absurda, alguns parlamentares se revoltaram contra este noticioso, alegando que estávamos “desmontando o esquema”. Com esse aumento, que já estava decidido e dependia da definição dos percentuais, reduz pela metade a previsão de economia da Câmara dos Deputados para este ano, que estava estimada em R$ 49 milhões.